VENTANIA
Tem ventado nestas terras, nas serras é mais perceptível,
Irrepreensível o frescor proporcionado, tudo está mudado,
O solo árido, as pessoas frias, vias asfaltadas, tá chumbo
Nosso chão, foi em vão o sonho de pavimentar estas ruas.
Mudamos para longe, onde falta água, onde nossa mágoa
Pôde respirar aliviada, menos cansada, embora ainda viva,
Reflexiva e cercada de lembranças, éramos crianças tolas,
Entre rolas e bem-ti-vis, vis preocupações em vãs paixões.
Pintamos a casa de amarela, aquarela, guache, os pincéis,
Anéis nunca comprados, sobrados acanhados e as contas
Nunca fechavam, faltavam míseros trocados e corcovados
Que nos fizessem enxergar tudo do alto, sem salto, com fé.
O final não precisava ser triste, com dedo em riste, corpos
Exaustos, não como antes, em que se amavam e lavavam
As feridas com suor e gozo gostoso como nunca fora visto,
Como Cristo tem zelado por esta cidade de braços abertos.