VENTANIA

Tem ventado nestas terras, nas serras é mais perceptível,

Irrepreensível o frescor proporcionado, tudo está mudado,

O solo árido, as pessoas frias, vias asfaltadas, tá chumbo

Nosso chão, foi em vão o sonho de pavimentar estas ruas.

Mudamos para longe, onde falta água, onde nossa mágoa

Pôde respirar aliviada, menos cansada, embora ainda viva,

Reflexiva e cercada de lembranças, éramos crianças tolas,

Entre rolas e bem-ti-vis, vis preocupações em vãs paixões.

Pintamos a casa de amarela, aquarela, guache, os pincéis,

Anéis nunca comprados, sobrados acanhados e as contas

Nunca fechavam, faltavam míseros trocados e corcovados

Que nos fizessem enxergar tudo do alto, sem salto, com fé.

O final não precisava ser triste, com dedo em riste, corpos

Exaustos, não como antes, em que se amavam e lavavam

As feridas com suor e gozo gostoso como nunca fora visto,

Como Cristo tem zelado por esta cidade de braços abertos.

Sérgio Sousa
Enviado por Sérgio Sousa em 16/04/2020
Reeditado em 11/09/2020
Código do texto: T6918553
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.