Cruz e Sousa, O Poeta Sublime
Cruz e Sousa - O Poeta sublime
(Homenagem ao maior poeta simbolista brasileiro)
Acorda, poeta, sei que longe dormes,
e neste céu de nuvens tão disformes,
a minha vista daqui não te alcança.
Acorda altivo, ao som das trombetas,
pois eu te digo com todas as letras:
Poeta não morre... apenas descansa.
Acorda, poeta, me diz teus sonetos,
que com seus tercetos e quartetos,
mostraram a tua alma magistral.
Foste filho de escravo alforriado,
que, por seres negro, foste injustiçado
e zombado pelo preconceito racial
Acorda, poeta, foi dura a tua luta....
viveste em uma sociedade bruta....,
que não aceitava um negro com saber.
És o herói, que, com a letra se armava,
para lutar contra o mal que encarnava
aqueles que açoitavam um igual ser.
Vejo do alto descer luzente vulto.
És Cruz e Souza, pois sei que escuto
as belas rimas do teu poema etéreo:
“Nestes silêncios solitários graves,
Que chaveiro do céu possui as chaves
Para abrir as portas do mistério?...”
Surgiste como uma estrela cadente
e voltaste logo e tão rapidamente
à pátria sublime que por ti urge.
Hoje sei que no céu ainda escreves,
pois li nas nuvens, em teus versos breves:
“das cinzas do poeta... uma estrela surge”.
Edenice Fraga