A Mulher Solteira

A MULHER SOLTEIRA
Miguel Carqueija

Vivo sozinha, eu bem sei,
porém não é tão ruim;
nunca na vida pensei
poder ser feliz assim!

Pra poder casar comigo
só pode alguém muito bom!
Quero um ombro muito amigo
por baixo do edredom!

Enquanto isso eu me viro
nesta minha solidão;
às cegas eu não me atiro,
não quero viver em vão!

Mas eu tenho os meus sobrinhos,
que são de mim grandes fãs;
me fazem muitos carinhos
e até me trazem maçãs!





Vida de mulher solteira
tem responsabilidade:
sou muito trabalhadeira,
me viro nesta cidade!

Eu pego o metrô lotado
como lata de sardinha,
empurro pra todo lado
e viajo apertadinha!

Com sol ou com tempestade
eu tenho que trabalhar;
sei minha necessidade,
não posso em casa ficar!

Aprendi com o papai
e com a mamãe também
a sentir dor sem um ai
e a praticar só o bem!



Minha casa é meu castelo
que eu organizo a meu jeito,
amando o bom e o belo,
dormindo em paz no meu leito!

Minha gatinha querida
me tira da solidão,
iluminas minha vida
com tua dedicação...

As dívidas eu evito
pra não ficar enrolada;
economia é um rito
pois sou muito controlada!

Peço à amiga da hora
pra ir comigo ao cinema;
me encontra lá sem demora,
viver a vida é meu lema!



Não sou nada depressiva,
canto até em recital;
levo vida bem ativa
e hoje vou na Bienal!

Viajo, escrevo carta,
quando posso vou na praia,
visito a Cynthia e a Marta,
e nunca fujo da raia...

No mundo tento ser útil
na rua, em casa ou na igreja;
não levo uma vida fútil,
não fico no hora-veja.

Pois só ou acompanhada
pra Terra é nosso mister
torná-la abençoada,
esta é a missão da mulher!


Rio de Janeiro, 29/8 a 25/9/2017.



A Mulher Solteira

Marly Ferreira



Mulher solteira é o apelido dado a mulher que vive sem um companheiro, isto é, sem o compromisso oficial derivado do casamento. No entanto, quem faz  a trajetória com uma personagem feminina sabe que nunca anda sozinha, por detrás dela virá por certo: um filho, um neto, um sobrinho, um primo, ou então, os pais, os amigos, os vizinhos, os animais de estimação, ou um compromisso sem ser o parceiro propriamente dito.   
      Os motivos de permanecer ímpar são tantos que se tornam impossíveis de serem listados aqui, no entanto, os mais comuns são as decepções amorosas, a exigência da religião, ou deficiências físicas e hormonais. Portanto, ninguém diria que o preconceito seria capaz levar uma pessoa de bela aparência a passar os seus dias na solidão. 
    Nancy solteirona herdara esta alcunha desde os vinte e uns anos, por opção havia ficado solteira até os vinte;  moça bonita, mal tinha concluído o curso ginasial quando recebeu o pedido de casamento do filho do dono do maior armazém do bairro, mas foi descartado, depois apareceu o segundo, um rapaz educado muito estudioso, queria ser engenheiro, e também Nancy franziu o nariz pequeno, depois o terceiro, o quarto e todos quanto foram aparecendo foram recusados veementemente por ela.
    Na cidade do interior não havia muitos rapazes; os pais a aconselhavam, e as amigas a invejavam, algumas diziam: ah se fosse eu não teria recusado tremendo partido, mas segundo a moça todos tinham o defeito. Como era de pouca expressão e muita ação  quem vivia ao seu lado se surpreendia ao vê-la assobiar e chupar cana ao mesmo tempo, sem se descuidar da aparência todos os dias lava, passa, arruma a casa, além de estudar e trabalhar fora, mesmo com o humor variado, pois é de sua performance desdobrar-se num arco íris multi-colorido,  mas a razão da castidade ninguém sabia ao certo.   
    O tempo vai passando e aos poucos aparecem os pés de galinha na pele alva e os primeiros fios de cabelos brancos na negra cabeleira. Aquela a quem os sinos dobravam já não dobram mais. Somente mais tarde todos vieram a saber, não havia rapaz na cidade à sua altura, quer dizer, estatura, perto de seus um metro e oitenta,  os rapazes pareciam anões, não passavam dos seus aprumados ombros.



 
Sobre Marly Ferreira
Nasceu em Volta Redonda aos 26 de Abril de 1957.  Filha do carioca Marcionílio dos Santos e da mineira Ormezinda Ferreira dos Santos, ambos iletrados. Em 1982 licenciou-se em Ciências Físicas e Biológicas pela Fundação Rosemar Pimentel (FERP).  Bacharel em Teologia pela Faculdade Seminário Unido e pós-graduação em Ciências da Religião pela Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. Foi docente em Ciências e Biologia na Fundação Educacional de Volta Redonda- RJ  e Fundação Educacional de Brasília- DF e Teologia Bíblica na Faculdade Aplicada de Teologia do Projeto Vida -VR.
          
O interesse pela literatura se deu na infância, gostava de fazer redações e como minha mãe não sabia ler, adquiri o hábito de ler para ela, também lia de forma audível a Bíblia e outros livros antes de dormir, enquanto ela atentamente escutava.
          Também nunca tive condições de viajar nas férias escolares, então pedia livros emprestados para ler e como teria que devolvê-los, fazia pequenos resumos, isso os  mantinham vivos na memória. Certamente a partir desta atividade nasceu o gosto pela leitura juntamente com a desenvoltura na escrita. 
          A priori foram breves anotações da trajetória de vida,  a excepcional valentia de uma mulher guerreira. Mas  havia interesse das filhas em ouvir cada vez mais sobre a avó que mesmo sendo analfabeta construíra grande legado em sabedoria para  todos. Posteriormente as anotações foram se avolumando, pois concomitante ao seu dia a dia havia  o surgimento e desenvolvimento de Volta Redonda, na qual meus pais foram fundadores,  tinham visto a cidade nascer e migrar do meio rural para um grande Pólo Industrial. 
          Em 2013 se deu a publicação do memorial em homenagem à minha falecida mãe onde se conta a trajetória de vida desta mulher que foi um exemplo de vida, uma valente guerreira que após a ausência do esposo criou seis filhos trabalhando como doceira e lavadeira. Com isso veio o primeiro livro "Recordar trazendo de volta ao coração”. 
Na sua  rotina havia a questão da importância de se valorizar as pequenas coisas observando os gestos e o sentimento de que cada palavra está carregada.






 
Baixei o Tinder e agora?
 
Ana Paula Diniz

 
 
Recebi a seguinte crítica: “Ana, você não deve falar de relacionamento já que não vive um...”
31 anos 5 relacionamentos que eu levei a sério, pelas minhas escolhas eu teria me casado cedo, talvez tivesse construído já uma família sim, mas as coisas não acontecem conforme planejamos porque nem tudo depende da gente, nunca forcei a barra com ninguém que não queria ficar. Hoje um pouco mais velha e mais sábia como agradeço os Não que eu recebi, pois as marcas embora existam são cicatrizes menores. Eu não faço a mínima ideia do que é um casamento infeliz, e pretendo não tê-lá.
Eu aprendi a me amar. São exatos 1 ano e 3 meses do fim do último relacionamento na qual eu achava que o fato de não ter dado certo essa área não era para mim.
Aí?! Adivinha? A ficha caiu! O problema nunca esteve em mim, e também não devo culpar os outros, não deu certo ainda... ah! Bauman me ajudou a entender algumas coisas também, que aliás eu super indico para quem sofre de carência afetiva e precisa de quantidade para se sentir bem.
A vida é feita de escolhas e a primeira escolha deve ser sempre você.

 



 

Eu Ana tenho 31 anos, sou formada em Comunicação Social, Rádio, TV e Vídeo, estudante de Psicologia Positiva e aspirante com muito entusiasmo a escritora desde os meus 12 anos.
Uma vez que foi dado o primeiro passo, só nos resta permanecer na caminhada.





 Imagens da internet.
Fotografia de Marly Ferreira gentilmente cedida por Marly Ferreira.
Fotografia de Ana Paula Diniz gentilmente cedida por Ana Paula Diniz.
 
Miguel Carqueija, Marly Ferreira e Ana Paula Diniz
Enviado por Miguel Carqueija em 04/02/2020
Reeditado em 04/02/2020
Código do texto: T6858265
Classificação de conteúdo: seguro
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