O VENTO DE NERUDA
*homenagem a Pablo Neruda,
por Lílian Maial
O vento é um doce pássaro
de asas abertas, de bicos pontudos,
Rondando-me e atraindo-me,
tentando me afastar de ti.
Não, não quero ir!
Quero abraçar a vida e o amor,
passar meus dias em teus braços,
caminhando lado a lado.
Guarda-me em teu peito,
silencia meu compasso,
apenas por uns instantes,
até que ele não mais sopre e me esqueça.
Faze de teu corpo meu albergue,
enquanto a tempestade busca outros caminhos,
outros amantes,
outros rochedos.
Ouve o som da revoada!
É o vento me querendo,
me caçando,
tentando me levar pra longe.
Não, amado, não deixa!
Cobre-me com teu corpo,
abraça-me com teu amor,
aquece-me com teu calor,
que ele passará e pousará
noutro corpo sem alento.
Vai, esquece o vento!
Deixa que parta,
que me procure louco,
vendavais e tormentas,
por entre vales, montanhas, oceanos,
que eu me enterro em teu sorriso,
e durmo tranqüila, protegida,
por um instante.
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