Em memória de Rosa
Parte I - Em Memória de Rosa
Era o primeiro dia de aula
da renomada Universidade.
Gente nova se encontrando,
e dentre as novas amizades
aparece a Dona Rosa
com oitenta e sete anos de idade.
Era linda a criatura.
Sorridente e pequenina
com olhar iluminado.
Perguntei-a sem censura:
- O que fez a tal menina
de rosto enrugado
a começar com bravura
um curso superior
após anos e anos passados?
Respondeu-me brincalhona,
radiante e feliz
com um sorriso de invejar:
- Quero um marido rico,
ter um casal de filhos,
e aí me aposentar e viajar!
Rindo ela disse: - Brincadeira!
Indaguei-a novamente,
pois estava curioso
por sua tenra idade.
Respondeu-me de primeira:
- Sempre tive em minha mente
poder algum dia
fazer uma Faculdade.
- Pensei nisso a vida inteira,
eu sabia que eu podia,
eis enfim a oportunidade!
Fazia muitas amizades,
vestia-se muito bem,
e gostava de atenção.
Era o ícone da gente,
sua sabedoria era além
da nossa imaginação.
Como uma máquina do tempo
compartilhava experiência,
sentimento e razão.
Então foi ela convidada
a falar em um banquete
no final do ano letivo.
Chegou toda preparada,
e ao começar a sua fala
desprezou a papelada
com o timbre emotivo.
Começou a discursar
que o segredo do sucesso
esta na arte de querer:
- Ficar velho ou crescer?
- Não paramos de fazer..
.. porque ficamos velhos,
e se ficamos velhos
é porque paramos de fazer!
Passaram-se os quatro anos
e logo após a formatura
descansou no sono eterno
como a rosa mais querida.
Mais de dois mil alunos
acompanharam a despedida
daquela que ensinou de perto
um pouco mais sobre a vida.
(Inspirado em uma estória que nos ensina que nunca é tarde demais para sermos tudo aquilo que nós podemos provavelmente ser )