Amizade verde (Amizade de Poetas)



Lembrarei sempre daquela tarde que te conheci,
Quando a nossa amizade era ainda verde...
Quando tu coroaste o meu castelo...
E no meu vinho antigo
E na minha água de setembro
Fez brilhar todo o teu império.
Ó!... Tu que levantaste as minhas ondas,
Minhas terras e minha semente;
Que surgiste de tal modo
No recôncavo e convexo de meu ser,
Como o grão que germina o trigo no verão,
Nas linhas das luas...
Tamanha foi tua delicadeza
Que meus caminhos ficaram sem escuridão,
As palavras sem silêncio
E num raio louco transmigrou para as minhas mãos
E aqui destilo agora
Todo meu encantamento por ti.
Ó!... Tu que planificou a minha pátria
E devolveu o reinado dos mares
E fez sonata às pétalas ditosas
Do meu venturoso território
E o estrelou de azul;
Que simplificou a minha ternura,
Tilintou os meus metais
E repicou os meus sinos...
Espero construir os meus cristais
Na parede do teu coração para toda a eternidade
E escalar o alpendre do teu ser
E fazer amadurecer na tua elevada torre
O meu acordeão e as minhas digitais.

De Albert Araújo
Para a poetisa Neila Costa (entre ondas)