Clareia-me, Lispector!
Esforço visceral
Teimo em interpretá-la
Ela deixa-me atônita
Estupefata.
Releio. Paro. Olho
Reflexões desconexas
Pra onde foram as Macabéas?
Espiono entre as frestas
De uma janela
Imaginária. Aberta
Por sua essência
Da Coisa. Da busca.
Ah! Clarice...
Como ouvir-te o grito?
Tento. Obscura claridade
De um fogo a arder
Incompreensível, flamejas
Dentro de mim, dura
Como rocha
Fluída como as águas
De terras estrangeiras
Como uma galinha a refletir
No orgasmo da senhora:
– Lispector... Lis... pector...ah!
08 de dezembro de 2019.
(Publicado na antologia poética Procura-se a Mulher - 2020).