A Advogada
Nota: este poema foi originalmente postado em 3/7/2015 sendo agora reeditado com acréscimo de uma quadra (colocada como a décima-quinta) além de textos assinados pela Professora Ana Paula, hoje assídua e excelente colaboradora do Recanto das Letras.
A ADVOGADA
Miguel Carqueija
Eu sou muito inteligente,
derroto qualquer chicana;
mas mesmo tão competente
sou uma pessoa humana!
Gosto de uma boa praia,
de relaxar descalcinha;
mas não vou para a gandaia,
eu sou bem comportadinha!
Tenho amor pelo Direito,
por tudo o que representa;
procuro fazer perfeito
tudo o que se me apresenta.
Para quem confia em mim
seria uma traição
não fazer de tudo enfim
pra dar uma solução.
A Deus agradeço o dom
de entender tanto de leis;
eu faço tudo de bom
em meu amor por vocês.
Buscar o próprio direito
requer bastante coragem;
o mundo não é perfeito,
impera a lei da vantagem.
Para ajudar gente boa
eu largo de qualquer ócio:
não sou causídica à toa,
meu trabalho é um sacerdócio.
E faço questão cerrada
de agir com honestidade;
prefiro ser fuzilada
a fazer qualquer maldade.
Quando entro no tribunal
atraio olhares gulosos;
meu charme é bem natural,
e os comentários maldosos
só dizem que eu sou gostosa,
mas sei que eu tenho uma alma;
não me importa ser formosa,
porque a beleza não salva.
Eu sempre me atualizo
pra não ficar enrolada;
e agindo com muito ciso
eu venço qualquer parada.
Defendo quem é decente,
bandido não é comigo;
se você for inocente
terá em mim um abrigo.
Pois é a Deus que eu procuro
servir com sinceridade;
não fico em cima do muro,
em mim não há falsidade.
E se uma causa eu abraço
peço que o Céu me ilumine;
me livre de qualquer laço
e torça pelo meu time.
No Brasil de hoje em dia
impera a corrupção;
mas seguir por esta via
não serve em nada à Nação!
E de noite eu chego em casa,
beijo mamãe com emoção:
mãezinha, recolho a asa,
cumpri a minha missão!
Rio de Janeiro, 6 a 13 de abril de 2015 e acréscimo de uma quadra em 21 de novembro de 2019.
GRIS
Professora Ana Paula
Cinzas lições aprendidas
Por que não colorir o gris?
E deixar cinza o que gris é?
Esperar com esperança
Lutar, quando necessário
Defender a reta conduta
Não há outra opção
Que não a racionalidade, honestidade e sabedoria
Por que se assustar com as folhas levadas ao vento?
Palhas secas...
MANTO DE ESTRELAS?
Professora Ana Paula
Em um céu de muitas estrelas
Para uma pequena constelação
Quão menos ação
Os ímpios
Trajando a manta funesta
Pretexta
Roda gira
Gira a roda
Da justiça pela graça
Pois nada vem de graça
(Do livro POESIAS E ALFORRIAS)
Ana Paula de Oliveira Gomes
@engenhodeletras
Graças a Deus, todos os meus cargos foram obtidos pelas legítimas e democráticas vias concursais –
símbolo maior da meritocracia na seara governamental. A meu ver e sentir, deveria haver concurso para
todos os cargos da República – a começar para ministro dos tribunais superiores.
Haveria, assim, mais foro e menos desaforo? Não guardo ilusões. Sei que concurso algum
garante a integridade da conduta pessoal. Ninguém muda a essência das cousas e pessoas...
Aos 21 anos, vivi o primeiro contato com a área jurídica – escrevente da função judiciária
cearense. À época, não cursava Direito, o que só o fiz décadas depois. Vinte anos voaram na minha vida...
Já formada em Direito (segunda graduação), exerci a advocacia por cinco abençoados anos. A
reta razão kantiana foi (e é) diretriz profissional – valores vitais que aprendi no seio familiar. A experiência forense prévia (associada à formação humanística) burilou a aplicação do direito.
Creio que nasci velha, lúcida ao extremo. Quisera um pouco da alienação coletiva! Sofreria menos? Bem, o fato é que, hoje, já quase cinquentona, não mais posso patrocinar causas pois exerço atividade absolutamente incompatível com a advocacia.
Um sentimento desponta como quase certo: após o jubilamento, reativar o registro profissional e combater, por outras frentes, o bom combate. A vida é isso: movimento, água, rio de três margens!
(Ana Paula é jurista, professora e escritora cearence)
Imagens google. Fotografia de Ana Paula de Oliveira Gomes gentilmente cedida por Ana Paula de Oliveira Gomes.
Nota: este poema foi originalmente postado em 3/7/2015 sendo agora reeditado com acréscimo de uma quadra (colocada como a décima-quinta) além de textos assinados pela Professora Ana Paula, hoje assídua e excelente colaboradora do Recanto das Letras.
A ADVOGADA
Miguel Carqueija
Eu sou muito inteligente,
derroto qualquer chicana;
mas mesmo tão competente
sou uma pessoa humana!
Gosto de uma boa praia,
de relaxar descalcinha;
mas não vou para a gandaia,
eu sou bem comportadinha!
Tenho amor pelo Direito,
por tudo o que representa;
procuro fazer perfeito
tudo o que se me apresenta.
Para quem confia em mim
seria uma traição
não fazer de tudo enfim
pra dar uma solução.
A Deus agradeço o dom
de entender tanto de leis;
eu faço tudo de bom
em meu amor por vocês.
Buscar o próprio direito
requer bastante coragem;
o mundo não é perfeito,
impera a lei da vantagem.
Para ajudar gente boa
eu largo de qualquer ócio:
não sou causídica à toa,
meu trabalho é um sacerdócio.
E faço questão cerrada
de agir com honestidade;
prefiro ser fuzilada
a fazer qualquer maldade.
Quando entro no tribunal
atraio olhares gulosos;
meu charme é bem natural,
e os comentários maldosos
só dizem que eu sou gostosa,
mas sei que eu tenho uma alma;
não me importa ser formosa,
porque a beleza não salva.
Eu sempre me atualizo
pra não ficar enrolada;
e agindo com muito ciso
eu venço qualquer parada.
Defendo quem é decente,
bandido não é comigo;
se você for inocente
terá em mim um abrigo.
Pois é a Deus que eu procuro
servir com sinceridade;
não fico em cima do muro,
em mim não há falsidade.
E se uma causa eu abraço
peço que o Céu me ilumine;
me livre de qualquer laço
e torça pelo meu time.
No Brasil de hoje em dia
impera a corrupção;
mas seguir por esta via
não serve em nada à Nação!
E de noite eu chego em casa,
beijo mamãe com emoção:
mãezinha, recolho a asa,
cumpri a minha missão!
Rio de Janeiro, 6 a 13 de abril de 2015 e acréscimo de uma quadra em 21 de novembro de 2019.
GRIS
Professora Ana Paula
Cinzas lições aprendidas
Por que não colorir o gris?
E deixar cinza o que gris é?
Esperar com esperança
Lutar, quando necessário
Defender a reta conduta
Não há outra opção
Que não a racionalidade, honestidade e sabedoria
Por que se assustar com as folhas levadas ao vento?
Palhas secas...
MANTO DE ESTRELAS?
Professora Ana Paula
Em um céu de muitas estrelas
Para uma pequena constelação
Quão menos ação
Os ímpios
Trajando a manta funesta
Pretexta
Roda gira
Gira a roda
Da justiça pela graça
Pois nada vem de graça
(Do livro POESIAS E ALFORRIAS)
Ana Paula de Oliveira Gomes
@engenhodeletras
Graças a Deus, todos os meus cargos foram obtidos pelas legítimas e democráticas vias concursais –
símbolo maior da meritocracia na seara governamental. A meu ver e sentir, deveria haver concurso para
todos os cargos da República – a começar para ministro dos tribunais superiores.
Haveria, assim, mais foro e menos desaforo? Não guardo ilusões. Sei que concurso algum
garante a integridade da conduta pessoal. Ninguém muda a essência das cousas e pessoas...
Aos 21 anos, vivi o primeiro contato com a área jurídica – escrevente da função judiciária
cearense. À época, não cursava Direito, o que só o fiz décadas depois. Vinte anos voaram na minha vida...
Já formada em Direito (segunda graduação), exerci a advocacia por cinco abençoados anos. A
reta razão kantiana foi (e é) diretriz profissional – valores vitais que aprendi no seio familiar. A experiência forense prévia (associada à formação humanística) burilou a aplicação do direito.
Creio que nasci velha, lúcida ao extremo. Quisera um pouco da alienação coletiva! Sofreria menos? Bem, o fato é que, hoje, já quase cinquentona, não mais posso patrocinar causas pois exerço atividade absolutamente incompatível com a advocacia.
Um sentimento desponta como quase certo: após o jubilamento, reativar o registro profissional e combater, por outras frentes, o bom combate. A vida é isso: movimento, água, rio de três margens!
(Ana Paula é jurista, professora e escritora cearence)
Imagens google. Fotografia de Ana Paula de Oliveira Gomes gentilmente cedida por Ana Paula de Oliveira Gomes.