A Noivinha

Nota: este poema foi originalmente publicado em 18/6/2016 sendo hoje reeditado expandido e com a excelente parceria de Rosângela Trajano numa homenagem ao casamento de sua sobrinha, Juliete.


A NOIVINHA
Miguel Carqueija

Com grande satisfação
serei levada ao altar;
pela mão do meu paizão
com meu noivo irei casar!

Nas núpcias eu irei
no colo dele pro leito:
dele pra sempre eu serei,
e vai ser do nosso jeito!

Nosso namoro é tão belo
que eu nem posso acreditar;
meu amor é tão singelo,
ele nasceu pra me amar!

Quando o homem é gentil
então tudo vale a pena:
fazendo carinhos mil
agrada à sua pequena!




Que noite maravilhosa,
me sinto entusiasmada:
me fiz de todo charmosa
pra ser por ele levada:

não sou mais que uma criança
carregada com carinho:
e a vida é toda esperança,
muito amor em nosso ninho!

Nosso namoro cresceu,
pois saiu do coração:
como rosa floresceu,
nos encheu de emoção.

Pra Deus nos abençoar
e pra tudo correr bem
vamos na Igreja casar,
que Ele nos ama também!



Mamãe, não chores assim;
ganhaste um filho de graça!
Podes te alegrar por mim:
é o amor que me enlaça!

E nossos filhos virão
pra família completar;
e teremos nosso cão,
mas que mimo o nosso lar!

E este vestido branquinho
podem crer que eu guardarei:
vestido, meu vestidinho,
este dia eu lembrarei!

E meu buquê e os retratos
tudo isso vai marcar
a minha vida, os meus atos,
a vida inteira pra amar!




 
Lembro o tempo de namoro,
que ontem foi, até parece;
feito de amor e decoro,
de riso, ternura e prece.
 
Na praça ou no cinema,
no parque verde e na praia,
traje nunca foi problema,
eu ia em bermuda ou saia...

E tanto telefonema,
e à saída do trabalho
vamos nos ver, ó dilema?
E a mana quebrava o galho
 
pois a mamãe precisava
de uma ajuda lá em casa,
e essa vida eu amava

mas ia criando asa...




Mas então chegou o dia
de escolher nossos anéis,
meu Deus, mas quanta alegria,
sentia asas nos pés!
 
Se íamos ao cinema
eu quase entrava na tela,
ser feliz era o  meu lema,
eu era a meiga donzela!

Há coisas indispensáveis

que completam a magia:
o buquê, flores notáveis,
que criarão nostalgia...

O arroz a ser jogado,
e os beijos na saída;
o templo estará lotado,
no início da nova vida...





Eu sou privilegiada
por ter um homem de escol:
meu Deus, eu sou tão amada,
minha vida é como um sol!

Hoje noiva, me palpita
meu coração por amor!
e até já me sinto aflita
longe do meu raptor!



Sim, eu amo e sou amada
e sou mulher verdadeira;
gosto de ser cortejada
e amar à minha maneira!

Amor é coisa tão linda
que nem posso definir:
e nesta alegria infinda
vamos brincar e sorrir!




UMA NOIVA

Rosângela Trajano


Tem sorriso de avelã
Sobe degraus com maestria
Risca utopias no cotidiano
Só para contrariar os anti-heróis
Sabe ser noiva amada
Pelos pássaros e vaga-lumes
Descansa na sabedoria
Sentada próxima de um duende
Dois cálices se tocam
Os noivos abrem portas
De casas desenhadas pelo outono
Nas suas dóceis almas
Uma noiva bela procura seu brinco
Há de se estar linda ao luar
Diante da noite estrelada
A noiva beija os anéis de Saturno
Comunga do seu fiel escudeiro
O laço que põe na borboleta
Dias de felicidades erguidos em séculos
À essa noiva tão encantadora
Que adorna os sonhos meus
Menina que vi crescer e inventou-se
Mulher virtuosa e corajosa
Relâmpago de céus, com passos firmes

Ergue o guizo da grandiosidade no seu véu.



 
A NOIVA MAIS BELA DO MUNDO

Rosângela Trajano


Ju, a vida torna-se singular e ímpar quando encontramos a pessoa dos
nossos sonhos com a qual decidimos dividir a nossa existência. Você e
Felipe se tornarão apenas uma pessoa, em breve, e com o amor de Cristo
serão abençoados para a eternidade. Que os encantamentos divinos cubram
de felicidades os corações de vocês e que vossas almas sejam banhadas de
poesias e retóricas desassossegadas. Ontem você era apenas uma menina
com quem eu gostava de brincar e colocar no colo, hoje você é uma mulher
linda e encantadora! Seu semblante de menina feliz sempre foi conservado
ao longo dos anos e hoje ele parece brilhar mais ainda diante do sol e da
lua! Chega o momento de construir o seu próprio castelo e nele ir fazer
morada, morada de lindezas e grandiosidades, morada de pássaros que
cantam alto no amanhecer primaveril. Você tem o dom de aproximar as
pessoas queridas, de cumprimentar as flores nas manhãs de outono e de
decifrar a saudade das folhas secas das árvores caídas ao chão no outono
saudoso, você minha menina que cresceu muito e tornou-se um exemplo de
mulher amiga, namorada, filha, sobrinha e, principalmente, amante da
ternura e do damasco. Desejo que essa nova vida receba todos os presentes
dos deuses gregos e que as ninfas banhem seu corpo com a pureza de uma
flor a desabrochar na manhã de um novembro saudoso. Tudo hoje se
inspira na sua canção. Na melodia que você traçou ao longo da sua vida.
Há pessoas que nascem para serem grandiosas na arte de viver e você é
uma delas junto com o seu grande amor Felipe. Que as paredes do muro
erguido contra a mesquinhez humana sejam de tijolos fortes e alicerce de
coragem para vencer todos os obstáculos que por acaso surjam. Somos os
donos das nossas vidas, temos o livre-arbítrio, partimos quando queremos,
traçamos os nossos dias, rasgamos calendários, riscamos textos em linhas
tortas, mas acima de tudo buscamos apresentar ao mundo o nosso olhar
sobre as coisas ao nosso redor que nos arrebata a alma e nos intriga na
busca do amor ao próximo. Você é sabedora dos festivais dos grilos
cantantes. Que o seu vestido de noiva sinta o perfume da sua felicidade e
brilhe na grande noite do seu casamento deixando você mais bela e
encantadora aos olhos dos seus convidados. Deus na sua infinita bondade
semeou árvores no seu caminho e muita sombra cairá pelo seu corpo que
anseia por uma vida em comum ao lado do seu grande amor. Deixe as
dúvidas para trás, as perturbações do cotidiano, as palavras quebradas, as
letras repetidas, as solidões azuis, os tênis sem meias... deixe tudo o que te
intriga a alma numa gaveta fechada, pois agora é hora de sorrisos largos e
abraços à vida que Deus te proporcionou tão significativa! Construa casas
de botões, abra as janelas, contemple o azul do céu, borde esperança, colha 
lençóis de cactus estendidos nos varais das primaveras para as suas manhãs
ao lado do seu grande amor Felipe. Em breve, vocês se tornarão apenas
uma só pessoa. E que essa pessoa ganhe aplausos das borboletas azuis, das
abelhas nas flores, das tintas nos quadros de Picasso ou Frida Kahlo. Que
esta pessoa na qual vocês existirão nos próximos dias possa expandir-se em
muitas, metamorfoseando-se em natureza viva elevando sensações às
glórias dos contadores de histórias. Que a história ora escrita neste livro da
vida seja contada por gritos cheios de sabedoria no decorrer dos anos e que
vocês possam criarem lendas ou mitos enxutos em panos costurados à mão
para que ninguém esqueça os nomes dos meus dois meninos que tanto amo:
Juliete e Felipe. Assim, compartilho desse momento com o coração cheio
de emoção e alegria por saber que cada pedacinho do mundo, cada
montanha, cada lago, cada onda do mar, cada rio, cada cacimbinha, cada
rocha buscará aproximar-se de vocês para oferecerem os seus 
zelos. As letras podem ser tortas, mas a escrita da vida por Deus é certa e
nos faz lembrar de que a melhor maneira de viver é amando o outro. Amo vocês! Deus os abençoe!
















Rosângela Trajano, pseudônimo Danda, é poetisa, escritora, ilustradora, diagramadora e fotógrafa, licenciada e bacharel em Filosofia pela UFRN e mestra em literatura comparada pela mesma universidade. Tem 21 livros publicados para crianças, é editora da Lucgraf Virtual, realiza trabalho voluntário junto às crianças e realizou desenhos animados. Aqui temos apenas um resumo de seu notável currículo.



 

Imagens 1 a 3, pixabay, 4 a 7, pinterest;
imagens de Juliete e Felipe e fotografia de Rosângela Trajano gentilmente cedidas por Rosângela Trajano.




 
Miguel Carqueija e Rosângela Trajano
Enviado por Miguel Carqueija em 18/11/2019
Reeditado em 19/11/2019
Código do texto: T6798020
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.