A Andarilha

NOTA: este poema foi originalmente publicado em 2/1/2017 e hoje é republicado com texto complementar da recantista Sarah Galiza.


A ANDARILHA
Miguel Carqueija

Quando caminho na estrada
me sinto uma heroína:
leve, alegre, libertada,
muito mais que uma menina!

Às vezes até descalça
vou pela estrada infinita,
e a minha alma se alça
como uma nuvem bonita!

Com os pés sujos de poeira
e o rosto limpo de chuva,
lá vou eu aventureira,
dizem que eu sou uma uva!

O que é que me atrai enfim
e me faz deambular
por este mundo sem fim
caminhando até cansar?

Não corro como Forrest,
prefiro andar sem pressa
do leste até o oeste,
pra que vou correr, sem essa!

Existe um grande fascínio
em percorrer a distância
sendo o mundo o meu domínio!
E eu caminho com elegância...

E contemplo a natureza,
borboleta e passarinho,
me faz bem esta beleza,
olhar pra tanto bichinho!

As avezinhas no ninho,
as barreiras verdejantes,
tudo eu vejo com carinho
e cumprimento os passantes...



E nos meus dias de folga
lá vou eu a passear,
quem se espanta é a tia Olga:
— Que gosto pra caminhar!

E peço à Virgem, proteja
a sua filha na estrada;
e com carinho me veja,
me conduza agraciada.

Quem tem Deus no coração
não sente medo de nada;
confio na oração,
na minha mente alertada.

Eu vejo na minha frente
todo um mundo a conhecer:
alimento a minha mente,
me divirto pra valer!

Andar é bom pra saúde,
qualquer médico atesta:
caminho junto ao talude,
sentindo o vento na testa...

Acaricio a plantinha,
molho no riacho os pés;
faço festa em cabritinha
que me saúda com “bés”!

Já ajudei gente na estrada,
banquei a samaritana:
levei uma acidentada
para a Clínica Santana...

Mas nem vou muito distante,
pois não disponho de asa;
e feliz, bem radiante,
volto agora para casa!


25/9/2016



MENINA ANDARILHA

Sarah Galiza Saraiva (20 anos)


Andarilha, que anda seguindo seu destino de túnel em túnel, vivenciando histórias,
que em sua infância, não poderia imaginar, sentindo sensações e emoções, que não sabe
decifrar, ela é luz, e em cada túnel que passa, deixa um pedacinho de si, em alguém, ou
em algum cantinho, não para que se lembrem que ela esteve ali, mas que enquanto esteve
pode cultuar o bem, que ela tanto quer fazer.
Marcando pessoas, com seus conselhos, seu sorriso, ou até mesmo um gesto
amigo, pintando lugares, ou trazendo vida aos mesmos. Ela é inocente, sente na pele o
que uma pessoa nem poderia imaginar que existiria naquele tom imensurável, é ousada
em sua forma de agir, sem receios do porvir, não se limita em ser fada, princesa, sabe
que seu dom é raro, mas não se compara com um ser, seria mera grandeza, pois mesmo
sendo mortal, quer contribuir com algo aqui nessa pequena terra...





Sarah Galiza Saraiva:

Uma pequena grande sonhadora mineira, que busca refúgio nas
palavras até mesmo quando não sabe usá-las, e que de forma
simples e singela, cada uma toque o seu coração, fazendo
reluzir sentimentos sem igual explicação!



Uma continuação da "Menina andarlha" pode ser lida na escrivaninha de Sarah Galiza.
Imagens depositphotos (1) e pixabay (2 e 3). Fotografia de Sarah Galiza Saraiva gentilmente cedida por Sarah Galiza Saraiva.