VIAGEM AO DENTRO DO POETA
“Ode para Joaquim Moncks”
Entranhemos em nós o inefável Absoluto
P´ la força anímica e pura das emoções
Num alargado repto e confessional desejo
Partilhando para connosco a palavra-pão.
Se é a dura fome que nos toca e persiste
Naquele vazio que dentro de nós habita
Conhecendo a rudeza dos múltiplos atalhos
Entranhemos em nós o inefável Absoluto.
Se é a aridez da sede que nos queima e seca
No défice perene da água refrescante
Fitemos lestos a amplitude da cisterna
P´ la força anímica e pura das emoções.
Se é o brilho do eterno fogo que nos inflama
Toldando-nos os próprios elos da razão
Busquemos na discreta alma a paixão clara
Num alargado repto e confessional desejo.
Receosos e limitados são os sonhos
Dispersos por um estranho e largo horizonte,
Façamos a Viagem até ao nosso dentro
Partilhando para connosco a palavra-pão.
Nesta incessante diáspora pelos labirintos
Que possuímos, sem ter moinho nem mó,
Há mister de insistir em cernelhar o vento
No dorso selvagem das palavras perdidas.
As palavras são as sementes que os poetas
Sonham lançar à terra, pelos quatro ventos,
E a terra, que às vezes rejeita por teimosia,
Demora, persistentemente, a germinar…
S´ elas não germinarem, não há condimento
Que faça sustentar o garbo das convicções;
E no silêncio da noite a cada hora, a cada dia,
Ouve-se um clarim que se faz essência e voz.
É que o Logos condutor, qual fio de Ariadne,
Há-de conduzir muito para lá do poema
Até aos confins do famigerado labirinto
Onde, em bizarro trono, s´ alcandora o Medo.
O pior dos monstros é chamado de Ignorância
E não há crasso erro que resista ao combate
Dos ajustados versos e actos comedidos
Coroando a Confiança que o poeta sonda!
Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM