FILHO
E em minha velhice aparece
Invade minha mente e me pensamento,
Toma minha alma,
Faz-me pequeno.
Faz me refletir sobre a vida,
Ensina a ser o homem, o menino.
Me chama de pai, e eu me enobreço
E no abraço explode o amor esperado
Eu que já fora filho, esposo ou marido
Agora saboreio o dom de doar
a meu filho amado
Que experiência, que carência essa minha!
Que estava esquecida no tempo e na vida,
Ressurge e você recoloca a sonhar
Agora posso projetar, fazer planos e desenhar
Trouxe-me um novo jeito de olhar.
Fez me esquecer do espinho
Entrou de mansinho
Em teu jeito menino
Me pôs a chorar.
Quanta alegria, quanto contentamento
É o amor impiedoso
Que entra todo atrevido
E no coração expande
Dilacera
É menino, é filho, é fera e destino.
Não me posso ausentar
Não me posso desligar,
São 50 anos a te esperar
Nas madrugadas
De joelhos dobrados
Em súplicas aos céus
Quanta lagrimas a derramar.
Assim, tão de repente
É posto a minha frente
E me ensina a ser pai.
E em todo envolver respeitoso,
Se ensina se aprende gostoso.
No choro ou nas risadas mais seguras
Tira de mim a tortura
Atenua meu viver
Quero fazer me forte,
Quero em brado elevar minha voz
E não desligar, mas viver
não dar condição de lhe perder
Pois ao 50, 60 ou 70, quero cada segundo aproveitar
Antes que minha alma venha a jazer.