Nega

Oi, estou escrevendo mais uma carta

Peço que a guarde, junto com as minhas palavras

Não posso te prometer a qualidade,

Nem mesmo a beleza, ou uma demonstração de sagacidade

Tudo o que tenho é a simples sinceridade e ingenuidade genuína

Veja bem, não sou Juan, tão pouco Ricardo

Assemelho-me mais a Romeu, que engraçado, não?

Escrevi tantos textos, já este será dedicado

Guarde-o em seu armário, para que se lembra,

Que um dia, alguém lhe fez uma poesia

Feia? Mal escrita? Talvez sim, mas não de mentira.

Caminho, e sempre caminharei junto à desconfiança

Não se zangue, a tenho desde a infância

Claro, a juventude não a remediou, mas encontrarei esperança

Enquanto isso, vou talhando com a caneta, buscando a semelhança

Tornar essas palavras tão belas quanto ti, morena, dama.

Estou enferrujado, a última dedicatória fora escrita no passado

Passado aquele que tento deletar, ou apenas atrasá-lo

Humilhado pelas supostas "musas", fui afastado, apedrejado

Criei, como fuga, a tal personalidade de palhaço

Com um sorriso vazio e o coração flagelado

Mas agora, e apenas agora, o deixarei um pouco de lado

Por alguns minutos deixarei minhas cicatrizes mudas

E te dedicarei um romance, vermelho como o tom de minha blusa

Não vou escutar minha consciência que insistir em dizer que,

Estou cometendo um erro recorrente, mas não creio

Mas também, nunca a escuto bem.

Você uma vez me perguntou,

Receio que já tenha esquecido,

O que eu havia visto em você

Aquela típica pergunta,

"O que você gostou em mim?"

Dúvida essa difícil de sanar

Assim como ficar frente ao mar

Não há se quer uma palavra que ouse decifrar,

A beleza do horizonte

Mas, sei que você irá duvidar, tudo bem.

Apesar das brincadeiras, das bobeiras

Meu pensamento me recorda, feito uma tormenta

De seus olhos, seus cabelos sobre a minha coberta

Sei que brinco, em refrão, mas não minto,

Quando digo que, naquele momento, com aquele sorriso,

Eu quase corri o perigo de me apaixonar novamente

E, só com isso já lhe parabenizo, a elogio

Pois, muitas vezes já fui chamado de frio.

Talvez não saiba, talvez rie aos quatro cantos de sua casa

Mas, eu não busco uma mulher devassa, sem a graça

Eu não busco curvas, seios avantajados, ou uma "gata"

Tudo o que anseio eu tive contigo, e não me custou nada

Foi indescritível a sensação de abraçá-la,

Enquanto, com os seus olhos fechados, eu lhe beijava

A cena, essa sim foi única, contigo deitada em minha cama

Sem malícia, sem perversão, apenas uma linda e pequena ninfa

De pele escura, cachos macios, e uma aconchegante cintura.

Como não me asseguro que sou especial para você

Rego minha imaginação, sabe por quê?

Porque talvez eu não volte a te ver

Mas o momento especial, nega, eu guardei

E para sempre o terei.

Conforme as horas vão passando, eu vou me lembrando

Não das minhas "mãos bobas" sobre a sua pele macia

Tão pouco de minhas tolas tentativas de tê-la

Me lembro de você me abraçando, dizendo que deveria partir

Me lembro bem que eu não queria você longe de mim

E, nesta frígida madrugada sem lua, estou aqui

Escrevendo, esperando que você comece a sorrir.

Talvez, como Peter Pan, você me esqueça

Mas, hoje e agora, você é a única

Na minha lista de futuras proezas

"Carregar e me deitar junto a uma linda princesa"

Se conseguirei cumprir tal desejo meu, já não sei

Mas, em três páginas de um caderno simples, dediquei

Não seu se acreditará, mas, tudo bem

Tudo o que me resta dizer é que, naquele instante

Naquele pequenino momento, que já deve ter deixado seus pensamentos

Eu te amei como nunca recordo ter amado alguém

Dito isso, não desconfie de mim, senhorita

Todos os textos que te mandei foram para agradar o seu dia

Quero apenas sua alegria, mesmo que a distância, Larianne

Eis que aqui fala, declara, um reles amante.