Tancredo Neves
Tu eras a esperança
que de repente, parece,
se tornou pálida,
porque o cinza encobre o céu
do teu Brasil
enlutado.
Tu eras o sorriso
que num minuto, aflito,
se perdeu descolorido,
porque a dor enche de agonia
o teu povo
amado.
Tu eras a verdade
que agora, cansada,
se esconde na dúvida,
porque o preto encobre o espírito
da tua gente
sofrida.
Tu eras o porto
que num instante, instável,
se perde nas ondas,
porque um mar de lágrimas afoga
os teus irmãos
desiludidos.
Tu eras a vida
que hoje, talvez,
se acabe contigo,
porque o vazio enche os corações
dos teus filhos
órfãos.
(Giustina)
* Este poema foi escrito em 21/04/1985, morte de Tancredo Neves. É minha homenagem a esse mineiro, ícone da política nacional, por sua luta em prol da democracia brasileira.