Sarau dos Ventos

Que o sarau dos ventos te carregue e te leve ao olho do tornado;

E que nesse vórtice te arremesse na altura desse desiderato.

Que a poesia desejada venha sem nome, pois sobrenome ela não tem;

E se derrame nesse jardim polinizado de encanto, canto e fertilidade.

A tarde caia tímida;

O sol a se despedir no colo de Milfa Valério, que portava uma aura divina e iluminada feito uma cigana madrilena;

E, junto a ela, Adélia Prado, ali, da "janela sem tramelas", sorria...

Cheia de enfeites num sábado de outono, debruçada na varanda, declamando o seu cotidiano...

De chinelos de tecido e avental bordados, sujo de terra e de folhagens de jardim, cheio de memória, de lembranças, delas, provocando as nossas, que emergiam e se declinavam fertilizada de emoção.

O sarau dos ventos abriu uma porta!

A poeta convidada entrou descalça silenciosa e discreta. Beijou a todos que ali estavam.

Ao sair, deixou cair de suas mãos, sementes de algodão que o jardineiro João Lopes, cuidadoso e atento, sorriu e obediente plantou junto ao jasmim...

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 30/03/2019
Reeditado em 02/11/2021
Código do texto: T6611298
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