A PARÁBOLA DAS PEDRAS
“Poema para Carlos Bondoso”
Não há ninhos, nem passarinhos,
Apenas covis e passarões,
Caíram pedras com espinhos
E sangraram as emoções.
Pelo arvoredo da floresta
Ou pelas bermas dos caminhos
Calaram-se os cantos da festa
Não há ninhos, nem passarinhos.
Por toda esta selva mundana
Sem valores nem motivações
Entre pobreza franciscana
Apenas covis e passarões.
Já ninguém liga aos poetas
Que revelam seus desalinhos
Sobre eles e suas vendetas
Caíram pedras com espinhos.
Faltam pedras, faltam pedreiros,
Faltam ninhos e intenções,
Ficou o fel entre os obreiros
E sangraram as emoções.
Quem poeta se considerar,
Embora co´ a tarefa em vão,
Deve o seu estro empenhar
Numa balada de emoção.
Fazer versos e partir pedra
É um justificável sentido
Sem isso a poesia não medra
Ficando o poeta inibido.
Atire-se a primeira pedra
Se as pedras estiverem à mão,
Quem vai à guerra dá e leva
E não importa a precisão.
Mas não se embandeire em arco
Com a aura da presunção
Todas as pedradas no charco
São badaladas d´ atenção.
É em nome da liberdade
Que a poesia tem cabimento
Palavras são pedras de verdade
Que iluminam e são fermento.
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA