Minha voz
Minha voz é um tanto melosa
Assim eu diria: malandriosa
Entre a malandragem e a prosa
Mas foi a voz que Deus me deu
Quem mais concederia
Essa minha voz que dança e brinca
Falando sério
Eu sinceramente não gosto dela
Pois ao ouvi-la sinto-a duvidosa
Mas muitos a acham gostosa
Com recheios de carioquês
Mistura de zona sul com periferia
Da travessa Pereira
De Honório Gurgel
Uma voz insegura num porto seguro
Um clamor claro dentro do escuro
Uma ponte por sobre muros
Um querer de convencer
É com essa voz que ainda existo
Minha marca com doce registro
Num velho corpo estrutural
Mas há dias que até gosto dela
Acho-a jovial e branda
Tênue e compreensiva
Sem ser uma voz que clama no deserto
Uma voz traz consigo a identidade
O caráter e outros atributos de valor
Ouvindo a voz você ouve a verdade
Ou a mentira no emissor
Por isso eu agradeço a você: minha voz
E a você deixo esta dedicatória
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