A Viúva
(poema originalmente publicado em 21/9/2016 com texto anexo de Marli Caldeira Melris, agora acrescentado o de Madalena de Jesus)
A VIÚVA
Miguel Carqueija
Nas brumas do meu passado
há algo que eu não esqueço,
um amor tão delicado,
foi algo que eu nem mereço.
A ele eu dediquei
o meu amor de mulher:
e nunca pra outro olhei,
pois jamais trai quem não quer.
Quatro filhos nós criamos,
tão amorosas crianças;
aos quatro nós muito amamos,
foram nossas esperanças.
E lutamos pela vida
com trabalho esforçado;
e foi grande a nossa lida
e tudo recompensado!
Lembro como ontem fosse
nosso tempo de namoro:
partilhamos até doce,
nos amamos com decoro.
Caminhamos de mãos dadas
por tudo quanto é caminho:
foram horas tão amadas,
quanta troca de carinho!
Nós fomos tanto ao cinema!
Ao teatro, a cada show!
Hoje pra ir é um problema:
sem vontade eu já não vou!
Sem aquela companhia
que sempre foi meu emblema
eu sinto a vida vazia,
e eu vivo neste dilema:
devo enfim recomeçar?
Rebobinar minha vida,
a outro amor procurar,
que me chame de querida?
Meu amor, ao despedir
de ti lá no cemitério
a Deus só pude pedir:
sê feliz lá no mistério!
Porque eu sigo sozinha,
por nossos filhos amada,
sinto-me uma pobrezinha
por você aqui deixada!
Vou carregando esta dor
mas sei que um dia estarei
junto a você, meu amor
com Jesus que é o nosso Rei!
Que Maria me console
e me dê conformidade,
não quero bancar a mole
mesmo morta de saudade!
A vida enfim continua
numa rotina sem fim:
dentro de casa ou na rua
ninguém resolve por mim:
assim tenho que ser forte
e verdadeira mulher:
suportar até a morte,
seja como Deus quiser!
O mundo tem alegria:
criança, flor e bichinho:
não preciso ficar fria,
pois recebo e dou carinho!
12/7/2016
A VIÚVA
(Marli Caldeira Melris)
Viúva que é mãe
passa a ser pai
o que antes
já era eclética
trabalha por dois
três ou quatro
ou às vezes por mais
os punhos viram aços
a voz fica mais firme
de repente vira artista
acrobata, malabarista
tem todas as profissões nela
ainda tem que brincar de casinha
jogar bola e ser mulher maravilha
contar historinhas pra dormir
e certamente dormia junto
jornada dupla, tripla
e a noite desaba de vez
o tempo livre?
quando pode, pega o notebook.
e desabafa pelo dia agitado e abençoado...\*MELRIS*
(Marli Caldeira Melris)
Eu vivo há cinco décadas. Na terceira série voltei pra segunda por não saber ler. Daí minha irmã me ensinou a ler num jornal. Acredito que seja aí que tomei gosto por leituras. Lia livros de bolso de Bang Bang, romances de banca de jornal , histórias de quadrinhos como: FANTASMA e sua amada Diana e até fotonovela. Há! Adorava novela de rádio. Fui mais de cem vezes no cinema. Adoro tirar fotos dos meus netos e flores... Às vezes acho que sou um pássaro de bem com as nuvens... pois vivo aérea no azul do céu.
Minha profissão?
Administradora Infanto Juvenil e formação de família...
-experiências múltiplas em todas as profissões
O cérebro mesmo dormindo fica a mil
- assim que acordo sou babá, copeira, cozinheira, professora, conselheira, ouvinte, psicóloga, enfermeira, advogada de pequenas e grandes causas. Contadora de histórias. Faço malabarismo o tempo todo. O relógio é meu cúmplice. Vezes ou outras deixo de ser um pássaro e viro uma criança, uma adolescente carente querendo colo...
Será que sou humana? Tenho dúvidas!
Enfim! Minha profissão? Sou mulher, sou mãe!
* Marli Caldeira Melris*
Ou
Melris
SONETO DO SONO CRUCIAL
Madalena de Jesus
Giramos pelas rodas do tempo
Tal girassol ao sabor do vento
Pulamos por muro e contratempo
Nossa família era nosso alento.
Enlutei! Como farei agora?
Se só sei ser amada por ele.
Vem! E traz a foice sem demora
Dama de negro vem e me impele.
Arremessa-me para o outro lado
Não sinto mais prazer em viver
Eu preciso estar com meu amado.
Ele que me ensinou a crescer
Já trazia o seu nome gravado
Desde a idade do meu florescer.
Madalena de Jesus
MARIA MADALENA DE JESUS GOMES, Escritora e Poetisa de Belém do Pará, esposa, mãe e Professora dedicada, graduação e bacharelado em Letras e Artes pela Universidade Federal do Pará, estudos especializados em Filosofia, funcionária estadual aposentada pelo sistema de segurança pública, desenvolve trabalho de incentivo à leitura na Biblioteca da Escola Mundo Encantado, localizada no Bairro do Guamá, na qual desenvolve o Projeto Palavras Encantadas. Integra várias antologias literárias. Seu trabalho autoral é o livro de poesias “Amada Amante dos Versos” mesma denominação de seu site no Recanto das Letras.
Imagens pixabay.
Fotografia de Marli Caldeira Melris: gentilmente cedida por Mari Caldeira Melris.
Fotografia de Madalena de Jesus: gentilmente cedida por Madalena de Jesus.
(poema originalmente publicado em 21/9/2016 com texto anexo de Marli Caldeira Melris, agora acrescentado o de Madalena de Jesus)
A VIÚVA
Miguel Carqueija
Nas brumas do meu passado
há algo que eu não esqueço,
um amor tão delicado,
foi algo que eu nem mereço.
A ele eu dediquei
o meu amor de mulher:
e nunca pra outro olhei,
pois jamais trai quem não quer.
Quatro filhos nós criamos,
tão amorosas crianças;
aos quatro nós muito amamos,
foram nossas esperanças.
E lutamos pela vida
com trabalho esforçado;
e foi grande a nossa lida
e tudo recompensado!
Lembro como ontem fosse
nosso tempo de namoro:
partilhamos até doce,
nos amamos com decoro.
Caminhamos de mãos dadas
por tudo quanto é caminho:
foram horas tão amadas,
quanta troca de carinho!
Nós fomos tanto ao cinema!
Ao teatro, a cada show!
Hoje pra ir é um problema:
sem vontade eu já não vou!
Sem aquela companhia
que sempre foi meu emblema
eu sinto a vida vazia,
e eu vivo neste dilema:
devo enfim recomeçar?
Rebobinar minha vida,
a outro amor procurar,
que me chame de querida?
Meu amor, ao despedir
de ti lá no cemitério
a Deus só pude pedir:
sê feliz lá no mistério!
Porque eu sigo sozinha,
por nossos filhos amada,
sinto-me uma pobrezinha
por você aqui deixada!
Vou carregando esta dor
mas sei que um dia estarei
junto a você, meu amor
com Jesus que é o nosso Rei!
Que Maria me console
e me dê conformidade,
não quero bancar a mole
mesmo morta de saudade!
A vida enfim continua
numa rotina sem fim:
dentro de casa ou na rua
ninguém resolve por mim:
assim tenho que ser forte
e verdadeira mulher:
suportar até a morte,
seja como Deus quiser!
O mundo tem alegria:
criança, flor e bichinho:
não preciso ficar fria,
pois recebo e dou carinho!
12/7/2016
A VIÚVA
(Marli Caldeira Melris)
Viúva que é mãe
passa a ser pai
o que antes
já era eclética
trabalha por dois
três ou quatro
ou às vezes por mais
os punhos viram aços
a voz fica mais firme
de repente vira artista
acrobata, malabarista
tem todas as profissões nela
ainda tem que brincar de casinha
jogar bola e ser mulher maravilha
contar historinhas pra dormir
e certamente dormia junto
jornada dupla, tripla
e a noite desaba de vez
o tempo livre?
quando pode, pega o notebook.
e desabafa pelo dia agitado e abençoado...\*MELRIS*
(Marli Caldeira Melris)
Eu vivo há cinco décadas. Na terceira série voltei pra segunda por não saber ler. Daí minha irmã me ensinou a ler num jornal. Acredito que seja aí que tomei gosto por leituras. Lia livros de bolso de Bang Bang, romances de banca de jornal , histórias de quadrinhos como: FANTASMA e sua amada Diana e até fotonovela. Há! Adorava novela de rádio. Fui mais de cem vezes no cinema. Adoro tirar fotos dos meus netos e flores... Às vezes acho que sou um pássaro de bem com as nuvens... pois vivo aérea no azul do céu.
Minha profissão?
Administradora Infanto Juvenil e formação de família...
-experiências múltiplas em todas as profissões
O cérebro mesmo dormindo fica a mil
- assim que acordo sou babá, copeira, cozinheira, professora, conselheira, ouvinte, psicóloga, enfermeira, advogada de pequenas e grandes causas. Contadora de histórias. Faço malabarismo o tempo todo. O relógio é meu cúmplice. Vezes ou outras deixo de ser um pássaro e viro uma criança, uma adolescente carente querendo colo...
Será que sou humana? Tenho dúvidas!
Enfim! Minha profissão? Sou mulher, sou mãe!
* Marli Caldeira Melris*
Ou
Melris
SONETO DO SONO CRUCIAL
Madalena de Jesus
Giramos pelas rodas do tempo
Tal girassol ao sabor do vento
Pulamos por muro e contratempo
Nossa família era nosso alento.
Enlutei! Como farei agora?
Se só sei ser amada por ele.
Vem! E traz a foice sem demora
Dama de negro vem e me impele.
Arremessa-me para o outro lado
Não sinto mais prazer em viver
Eu preciso estar com meu amado.
Ele que me ensinou a crescer
Já trazia o seu nome gravado
Desde a idade do meu florescer.
Madalena de Jesus
MARIA MADALENA DE JESUS GOMES, Escritora e Poetisa de Belém do Pará, esposa, mãe e Professora dedicada, graduação e bacharelado em Letras e Artes pela Universidade Federal do Pará, estudos especializados em Filosofia, funcionária estadual aposentada pelo sistema de segurança pública, desenvolve trabalho de incentivo à leitura na Biblioteca da Escola Mundo Encantado, localizada no Bairro do Guamá, na qual desenvolve o Projeto Palavras Encantadas. Integra várias antologias literárias. Seu trabalho autoral é o livro de poesias “Amada Amante dos Versos” mesma denominação de seu site no Recanto das Letras.
Imagens pixabay.
Fotografia de Marli Caldeira Melris: gentilmente cedida por Mari Caldeira Melris.
Fotografia de Madalena de Jesus: gentilmente cedida por Madalena de Jesus.