AO HERÓI KIM MALTHE BRUUN*
Não, não admito essa insignificância que alegaste
À tua mãe, mas me sabe bem essa luz da qual te imbuíste,
A mesma luz que tornou-te a vista cega
E leva multidões a cantar e dançar o twist.
Propuseste uma natureza morta para a tela
Que pintaste em palavras na carta à mãe:
Por que não pintaste uma aquarela
Que representasse todas tuas ilusões ?
Jovem morreste como herói, lutaste pela liberdade:
Lutaste em vão, as pessoas preferem a prisão,
São ávidas pelas correntes.
Ainda assim foste um herói de verdade
E vejo-te, sinto-te em mim, és de fato o diapasão
Com quem me afino pungentemente.
* Morto por fuzilamento por nazistas na Dinamarca, em abril de 1945, aos 22 anos de idade, porque fazia parte da resistência do país à invasoa Alemanha de Hitler. Foi concedido a ele direito de enviar carta à mãe, eis um trecho dela:
"Hoje Jorgen, Niels, Ludwig e eu nos apresentamos diante do tribunal militar. Fomos condenados à morte. Sei que você é uma mulher forte e conseguirá suportar tudo isso, mas quero que compreenda. Eu sou apenas uma coisa insignificante e como pessoa logo serei esquecido, mas a ideia, a vida, a inspiração de que estou imbuído continuarão a viver. Você as verá em todo lugar - Nas árvores na primavera, nas pessoas que encontrar, num sorriso carinhoso."
Extraído do Livro das Religiões, J.Gaarden, V.Hellern & h. Notaker.