Ricardo
 
Meu irmão! Tenho tantas, tantas saudades suas!
De ouvir a sua voz falando comigo ao telefone,
dizendo meu nome com carinho, oi, Fernanda!
E com aquela apercebida, entonação de alegria.
 
Ao mesmo tempo, que eu também não escondia,
dizendo seu nome num tom de muita felicidade.
Aquele nosso bom papo, banhado à simplicidade,
no qual falávamos sobre nós, e o nosso dia a dia.
 
Sei que ficou feliz, quando eu voltei para o Brasil,
apesar de que continuei um pouco longe de você.
Só que agora dentro deste país! De céu azul anil!
E com muita satisfação e esperança no horizonte.
 
Irmão! Vou lembrar-me sempre do que você dizia!
Que não era tarde pra mim, que ainda dava tempo.
E o quanto ficou orgulhoso do meu primeiro livro,
divulgando-o em seu trabalho, da forma que podia.
 
Sua iniciativa e preocupação com a minha saúde,
e seu carinho em suas palavras, querendo ajudar.
Mas eu dizia que tudo estava bem, caminhando,
e adiava sempre a resposta, para não te incomodar.
 
Você não pode ver agora, mas estou muito bem!
Que tudo está dando certo, como já era esperado.
À cada novo amanhecer! A luz brilha mais forte,
e o meu coração sofrido! Sorri um pouco aliviado.
 
Tivemos muitos momentos de alguma felicidade,
em comemorações, férias e também nos passeios.
Em nossa infância que foi bem turbulenta e pobre,
brincávamos juntos, com uma certa cumplicidade.
 
 Sabe meu irmão! A vida por vezes é muito cruel.
Suportar uma perda como foi a sua! Dói muito.
Mas você sabe! Que tive um conforto outro dia!
Quando assisti você num vídeo, repleto de alegria!
 
E isto me fez refletir e aceitar melhor sua partida,
pois vendo você tão feliz, eu vi que você viveu.
Você sorrindo, dançando ao som de Raul Seixas,
em meio à nossa família! Com certeza comoveu!
 
Sempre poderei te ver, e matar minhas saudades,
nestas gravações, as quais são relíquias para mim.
E também as fotos registradas em muitas idades,
as quais nos eternizam, quando chega o nosso fim.
 
A sabedoria é o alicerce, para se ter uma vida feliz,
e sem ela! Muitos vivem uma vida de infelicidade.
Viver e sentir uma vida real, não a vida dos tolos,
que a distorcem, resultando em uma triste realidade.
 
Felicidade é apreciar a natureza, sentindo o vento,
o calor do sol no rosto, com muito agradecimento.
Tão simples assim! Tudo isso e muito, muito mais!
Sem custo! Para sermos felizes, e vivermos em paz.

(Poesia escrita em homenagem a meu irmão, que foi assassinado em sua casa em junho de 2014)

Fernanda Goucher
Enviado por Fernanda Goucher em 07/11/2018
Reeditado em 17/04/2024
Código do texto: T6496383
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