VICISSITUDES
As armas de minha poesia
estão na natureza do tempo
presente que é Òbá.
Com seu ofá e sua adaga
Construo versos de guerra
com o prenúncio
de minha chegada
ao mundo.
Afirmo meu direito a Literatura
e tomo de assalto
toda a identidade que
a branquitude me tirou.
Ergo a cabeço e sigo na direção
Contrária do que foi posto pra mim
Quando necessário
Utilizo o escudo de mãe
Para proteger-me das nervuras
Falaciosas impressas nos papeis
da história.
O meu muro é sólido como rocha
Nele se constitui uma poesia
Feita de coriscos
Onde controlo a quentura do fogo
e a refrescância das águas.
Quem diz que as nossas escritas
não rompem com as certezas
brancas
não sabe a força que há quando
Os rios vão de encontro ao mar
quebrando as correntes e
formando elos poéticos das criações
do corpo de uma Omo Orixá
Um vocativo de palavras negras..
Benção mãe!