CRIANÇA AFRICANA
Sou terra árida, escaldante, sufocante
Sou criança, não tenho sonhos nem esperança
Nada que plantar, de mim nascerá meu mundo distante
Não tenho casa onde morar, dói à lembrança.
Sou conhecida de tantas doenças
O direito a vida, só o de nascença
Chega-se a doença, torcer para logo ir embora
Se Deus não curar, para morrer, não tem hora.
Guerra, fome, doença e desespero
É parte da vida, é a comida, também o tempero
Só queria um pedaço de pão, o que não conheço
Um copo de água, refrigerante, talvez um refresco.
Meus sonhos nasceram esquecidos
A esperança é um campo de fome
Para dizer a verdade, não sei nem do meu nome
Assim vivo nesse país, da maioria empobrecido.
Não sou linda, talvez, não venha nem a crescer
Não tenho dentes, pois não a muito que comer
Ainda aprendi escrever, antes de ver meus pais morrer
Meus irmãos já partiram, eu nada tinha a fazer.
Ando de frente para o perigo
De dia, agradeço pelo vento
De noite, busco abrigo
Água, flores e plantas, é o meu sustento.
Não sei se tenho direito
De um pedido ao mundo fazer
Peço em nome de outras crianças
Somos também humanos, somos crianças africanas.
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Leia a poesia Crianças Mundial (O presente)
Para todas as crianças pobres da África, e que o mundo possa ver-las, um dia, e elas venham a ter sonhos e esperança.