Antes de partir

À memória de meu irmão Francisco Barros

Não sei o tamanho certo do barco

Que te levaria para o outro lado.

Se a água estava revolta ou se

Tudo permanecia calmo como em

Minha alma naqueles dias.

Em algumas manhãs me vejo,

Me sinto adormecido e sonhando

Com nossas correrias, quando éramos

Duas crianças em frente outras águas,

Pensando quando chegaria o futuro.

Nem sabíamos que o destino,

Ah, o destino, animal feroz, já

Esquadrinhava nossas vidas e queria

Roubar alguma coisa, mas, o que?

Não tínhamos respostas, não.

Fico me esgueirando pelas paredes

Da memória em busca de uma

Única palavra que acaso me

Diria um pouco antes de partir, mas

Eu não estava lá, ninguém estava.

João Barros
Enviado por João Barros em 28/08/2018
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