Antes de partir
À memória de meu irmão Francisco Barros
Não sei o tamanho certo do barco
Que te levaria para o outro lado.
Se a água estava revolta ou se
Tudo permanecia calmo como em
Minha alma naqueles dias.
Em algumas manhãs me vejo,
Me sinto adormecido e sonhando
Com nossas correrias, quando éramos
Duas crianças em frente outras águas,
Pensando quando chegaria o futuro.
Nem sabíamos que o destino,
Ah, o destino, animal feroz, já
Esquadrinhava nossas vidas e queria
Roubar alguma coisa, mas, o que?
Não tínhamos respostas, não.
Fico me esgueirando pelas paredes
Da memória em busca de uma
Única palavra que acaso me
Diria um pouco antes de partir, mas
Eu não estava lá, ninguém estava.