Um poema sobre Pedro
Pedro sentia demais,
Por assim ser, quase que não entendia
O verbo só em parte conjugado,
Sinto. Como Tu, não!?
Pedro sentia muito,
E por todos aqueles que nada sentiam,
Sentia ainda mais...
Por assim ser, quase que não entendia,
A incompreensão dos normais,
Se era ele o dito ‘louco’.
Pedro recordava de tudo
Mas não se importava de esquecer
Dos dias acinzentados;
Embora para ele quase toda sua vida fosse assim.
(Por assim ser, preenchia com borrões de giz de cera as paredes de seu quarto
E dava o máximo de cor que conseguisse a sua alma)
Pedro agora sente pouco,
Às vezes, quase nada.
Dopa-se para não sentir
A dor de uma vida;
De duas vidas,
De uma perda.
Pedro falava sobre uma saudade
Que antes era toda sua
E que agora não mais a tem.
Efeitos colaterais
Ou acúmulo de sofrimento?