MINHA MÃE
Saí procurando uma mãe.
Uma mãe que fosse melhor comigo,
que me compreendesse melhor.
Uma mãe que aceitasse os caprichos
e chorasse comigo as lágrimas do amor.
Que me desse o direito
de ser o que gosto, aquilo que quero ser e
de dizer as coisas que sinto.
Saí procurando uma mãe.
Uma mãe que rebatesse comigo
os rápidos lances da saudade.
Que me ajudasse a endireitar o corpo
nos solavancos profundos da vida.
Que intrigasse comigo
pela minha tristeza, melancolia.
Que corrigisse a poesia
que rabisco todos as horas, todos os dias.
Saí procurando uma mãe.
Uma mãe que me acendesse as luzes
no negrume das minhas horas.
Que amenizasse as dores
das profundas feridas sociais
ocasionadas pelo meio em que estou inserida.
Uma mãe que me ajudasse entender
a arte de ser jovem, de ser gente que vive, que sente.
Que me ajudasse compreender
o difícil dilema que vive uma mãe
que tem um filho livre,
dono de si, dos seus erros, dos seus enganos.
Uma mãe que me ensinasse
a arte de ser mãe também.
Quando meu corpo sentiu o primeiro reflexo da luz,
Saí... e encontrei esta mãe:
Minha mãe!!!