MINHA MÃE

Saí procurando uma mãe.

Uma mãe que fosse melhor comigo,

que me compreendesse melhor.

Uma mãe que aceitasse os caprichos

e chorasse comigo as lágrimas do amor.

Que me desse o direito

de ser o que gosto, aquilo que quero ser e

de dizer as coisas que sinto.

Saí procurando uma mãe.

Uma mãe que rebatesse comigo

os rápidos lances da saudade.

Que me ajudasse a endireitar o corpo

nos solavancos profundos da vida.

Que intrigasse comigo

pela minha tristeza, melancolia.

Que corrigisse a poesia

que rabisco todos as horas, todos os dias.

Saí procurando uma mãe.

Uma mãe que me acendesse as luzes

no negrume das minhas horas.

Que amenizasse as dores

das profundas feridas sociais

ocasionadas pelo meio em que estou inserida.

Uma mãe que me ajudasse entender

a arte de ser jovem, de ser gente que vive, que sente.

Que me ajudasse compreender

o difícil dilema que vive uma mãe

que tem um filho livre,

dono de si, dos seus erros, dos seus enganos.

Uma mãe que me ensinasse

a arte de ser mãe também.

Quando meu corpo sentiu o primeiro reflexo da luz,

Saí... e encontrei esta mãe:

Minha mãe!!!

Ivonete Frasson
Enviado por Ivonete Frasson em 31/07/2018
Código do texto: T6405754
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