METÁFORA
Eu aqui por horas tentando decifra-la
Logo, ela, a moça que caça palavras
Que não há canção que lhe caiba
E eu insisto, porque sou dessas que fala
Que observa, desenha, retalha
Que quer salvar na mente cada detalhe
Que guarda cartas que deveriam ser queimadas
Que guarda magoas que deviam ser passadas
Logo eu que gosto tanto de coordenadas
Me perco em suas palavras
Me encontro em suas pernas
E ainda tento descreve-las
Dedilha-la
Sentir e tornar real
Trazer à vida a fala
Como se ela coubesse em uma frase
Como se bastasse apenas uma crase
Para citá-la, incitá -la
E ela intacta
Inescrevivel, começo eu a inventar palavras
Repetir palavras
Enfatizar o tom
Talvez assim ela entenda,
Quem sabe lhe toque o meu som
Quem sabe so as ondas e o vento
Lhe entreguem essa sensação
Talvez ela nem seja de letras
Talvez nem me gaste o invento
Talvez ela so seja cometa
So deixe rastro e uma vibração.