A Bilheteira de Cinema
A BILHETEIRA DE CINEMA
Miguel Carqueija
Mas que fila mais extensa
que eu vejo na minha frente!
É muito interesse, pensa,
que traz aqui tanta gente!
Sou uma humilde servidora
desta cidade encantada:
abro a caixa de Pandora
mas fico só na entrada!
Vejam, quase toda a gente,
trata comigo algum dia;
mas não fico em sua mente,
me esquecem no dia-a-dia!
É uma fábrica de emoção
a industria de cinema:
fala muito ao coração
e até causa algum problema!
A mocinha dá suspiro
pelo galã atraente;
“Com o Brad eu até piro,
e dá volta a minha mente!”
Se é Star Trek o pessoal
já vai ver fantasiado;
mas também é tão legal,
o fã fica extasiado!
E o filme policial
com tiros em profusão
às vezes é uma tranqueira:
pois o herói genial
pra derrotar o vilão
destrói a cidade inteira!
Sabem, eu fico pensando
quanto filme de indecência,
quanto trabalho mostrando
só cena de violência!
O desenho animado
pra mim é muito importante;
se ele for bem trabalhado
chega a ser emocionante!
Vocês lembram da Mulan,
a heroina chinesa?
Eu me tornei sua fã,
amei a sua nobreza!
E quando a história mostra
amor e abnegação,
posso citar como amostra
tanto filme do Japão,
a “Rapsódia em agosto”
do Kurosawa querido,
isso sim é do meu gosto,
e grande gênio ele é tido!
Eu às vezes me espanto
com fila descomunal:
às vezes é um desencanto,
a fita não é tão legal!
A força da mídia enfim,
engana uma multidão;
você vai ver e no fim
se retira da sessão.
Mas é claro a fantasia,
a ficção e o terror,
o épico que extasia,
e o romance de amor,
o filme de natureza,
com a selva em esplendor,
até o drama de tristeza
tudo tem o seu valor!
E eu como bilheteira
aqui te ajudo a sonhar;
sonho em ser a aventureira
que na tela vais olhar!
(16/3/2017)
UMA HISTÓRIA DE BILHETEIRA
Flor de Lyz
Estive matutando cá com os meus pensamentos:
Será que sou só eu que sente uma saudade danada de todo o glamour das velhas tardes de domingo,quando o programa mais chique e gostoso era ir ao cinema, assistir a um bom filme?
As mocinhas, é claro preferiam os romances onde o final era sempre feliz, e as comédias também que eram bem fartas naquela época de ouro.
Ainda tenho gravada na memória, toda a pompa da nossa Velha Cinelândia, com sua coleção de grandes
e luxuosos cinemas... Todos famosíssimos e com um rico repertório de fitas ( assim eram chamados os filmes naquela época. ). Tinha pra todos os gostos...: amor, comédia, lutas, épicos, terror, suspense e é claro os famosos bang bang com seus charmosos cauboys.
Pois é... Ir ao cinema era todo um ritual, seguido religiosamente pelo público, especialmente o feminino.
E quem não se lembra das doces e charmosas bilheteiras? Sempre com seus sorrisos educados e voz cativante: Aqui estão seus ingressos... tenham uma boa seção... divirtam-se...
E por falar em bilheteiras, algumas viviam uma alegre e aventureira vida à parte naquele ambiente mágico de trabalho. Algumas até protagonizaram fatos hilários. Minha amiga Selma que o diga... Ela era uma das bilheteiras do famoso Cine Odeon!
Costumávamos sair para espairecer em seus dias de folga, eu me divertia sempre ouvindo suas histórias e peripécias,ora com os lanterninhas, com as colegas bilheteiras,e até algumas com o público, principalmente o masculino! Já que alguns eram assíduos e rotineiros frequentadores o que acabava gerando um tratamento menos formal, que o exigido pelos patrões.
Certa vez ela me saiu com uma que contando ninguém acredita ter acontecido de tão hilária.
Um de seus clientes habituais,sempre lhe presenteava com bombons de licor de cereja, seus preferidos,suas colegas morriam de inveja! O que elas não sabiam é que ela e este cliente tinham um segredo, que quase acabou em algo grave e trágico se não fosse a camaradagem dos dois e a esperteza de Selma: fato é que esse jovem senhor, sempre levava a esposa para assistir à fita numa semana, e na outra, uma jovem namorada, religiosamente.
Em princípio minha amiga se escandalizou com aquilo, mas, depois, vendo a naturalidade com que ele fazia isso, se acostumou e agia sempre da mesma maneira com as duas: Aqui estão seus ingressos... divirtam-se... boa fita... dizia exibindo um doce sorriso!
Aconteceu que um domingo, qual não foi seu espanto, quando logo que seu cliente entro com a namorada a esposa dele estava diante de sua janelinha a comprar três ingressos, e toda sorridente ainda apresentou as duas amigas! A bilheteira quase enfartou! Como ainda faltavam alguns minutos para começar a seção,as moças costumavam ficar desfilando pela praça conversando e paquerando! Selma aproveitou este detalhe para pedir à colega que a rendesse, pois, precisava ir ao banheiro.
Saiu correndo desesperada atrás do amigo lanterninha, puxando-o pelo braço, disse ofegante: Vem, homem! Temos que achar o meu fã dos bombons! O pobre apavorado arregalou os olhos e disse: Calma, mulher! Eu sei onde ele costuma se sentar! Vamos lá! E lá se foram eles de lanterna acesa até o bendito lugar onde encontraram o fã grudado nos lábios da namorada, e com mãos que mais pareciam tentáculos de um polvo a alisar suas pernas! Selma sem a menor cerimônia, bateu no ombro dele dizendo: Por favor senhor, estou com um problema com a nota que o senhor me pagou os ingressos, e piscando-lhe o olho, acrescentou... pode vir comigo um instante? Sem entender nada ele se levantou com a namorada, mas, Selma já tremendo disse: Não! por favor, vai ser rápido, a senhora fica aqui para guardar seus lugares porque a sala já está
lotada, e sorriu um sorriso desmilinguido para a jovem que a contra gosto sentou-se.
Rapidamente a bilheteira levou o cavalheiro para para uma saída lateral dos empregados. Nessa altura dos acontecimentos, o homem já estava irritado e perguntou: “Que houve, menina? Você está maluca?” E minha amiga brava, parou, olhou bem séria pra ele e disparou: “Maluca eu??? Maluca mesmo vai ficar a sua esposa se entrar lá dentro e por azar quando a luz se acender para o público entrar ou sair e ela der de cara com o senhor atracado com a sua jovem loura!”
“Valha-me Deus! O que estás dizendo, menina?”
“É isso mesmo ela acaba de comprar três ingressos. E está lá fora com duas amigas esperando a hora de entrar!”
Amarelo feito cera, e tremendo mais que vara verde o homem repetia: “Que que eu faço? Como vou fazer agora?” E Selma rindo... “Agora? Agora o senhor sai por aqui e vai pra sua casa, mas não chegue antes de seu horário habitual senão ela vai desconfiar e aí ó já era! Aproveita e vê se para de pular a cerca, por que eu não posso levar outro susto desse não! Sou muito nova pra morrer de nervoso!” rsrsrsr
O pobre coitado riu um sorriso desbotado e deu um beijo na testa da Bilheteira dizendo: “Deus lhe pague... meu anjo da guarda!” E saiu andando, ao que Selma irônica respondeu: “Hei! Deus não! A partir de
hoje, são duas caixas de bombons! E quero rosas também viu?” rsrsrsrsrsrrs
Não preciso dizer que adorei saborear a porção extra de bombons em nossas caminhadas. e de vez em quando ainda levava uma perfumada rosa pra casa, sem contar as gargalhadas que dava-mos enquanto lembrávamos do acontecido, saboreando os bombons e sentindo o doce perfume das rosas! rsrsrsrsrsrsr
Flor de Lyz
22 de junho de 2018
Flor de Lyz, nascida em Governador Valadares,
Minas Gerais...viveu uma infância pobre, mas, muito rica em
liberdade... cresceu correndo pelos campos, acompanhando e
ajudando a avó a plantar na roça.
Aos cinco anos veio para um orfanato no Rio de Janeiro, e lá
se encantou com as palavras, tão logo aprendeu a ler, começou a
brincar com elas e vivia rabiscando,versinhos em papéis minúsculos.
Mãe solteira... criou a filha e duas netas sozinha e só à bem
pouco tempo, criou coragem de libertar SEUS VERSOS das gavetas
onde viviam aprisionados para publica-los aqui no RECANTO...
Sonhadora, romântica, Ganha a vida como *** Cuidadora social
e artesã *** Como toda aquariana vive mil anos à sua frente ...
Mas, sempre com os pés no chão, e a poesia na alma... Apesar de
continuar considerando seus contos,cronicas e versos como simples...
ESCRITOS DE GAVETAS...
imagens 1, Getty Images; 2 e 3, pinterest; foto de Flor de Lyz, gentilmente cedida por Flor de Lyz.
A BILHETEIRA DE CINEMA
Miguel Carqueija
Mas que fila mais extensa
que eu vejo na minha frente!
É muito interesse, pensa,
que traz aqui tanta gente!
Sou uma humilde servidora
desta cidade encantada:
abro a caixa de Pandora
mas fico só na entrada!
Vejam, quase toda a gente,
trata comigo algum dia;
mas não fico em sua mente,
me esquecem no dia-a-dia!
É uma fábrica de emoção
a industria de cinema:
fala muito ao coração
e até causa algum problema!
A mocinha dá suspiro
pelo galã atraente;
“Com o Brad eu até piro,
e dá volta a minha mente!”
Se é Star Trek o pessoal
já vai ver fantasiado;
mas também é tão legal,
o fã fica extasiado!
E o filme policial
com tiros em profusão
às vezes é uma tranqueira:
pois o herói genial
pra derrotar o vilão
destrói a cidade inteira!
Sabem, eu fico pensando
quanto filme de indecência,
quanto trabalho mostrando
só cena de violência!
O desenho animado
pra mim é muito importante;
se ele for bem trabalhado
chega a ser emocionante!
Vocês lembram da Mulan,
a heroina chinesa?
Eu me tornei sua fã,
amei a sua nobreza!
E quando a história mostra
amor e abnegação,
posso citar como amostra
tanto filme do Japão,
a “Rapsódia em agosto”
do Kurosawa querido,
isso sim é do meu gosto,
e grande gênio ele é tido!
Eu às vezes me espanto
com fila descomunal:
às vezes é um desencanto,
a fita não é tão legal!
A força da mídia enfim,
engana uma multidão;
você vai ver e no fim
se retira da sessão.
Mas é claro a fantasia,
a ficção e o terror,
o épico que extasia,
e o romance de amor,
o filme de natureza,
com a selva em esplendor,
até o drama de tristeza
tudo tem o seu valor!
E eu como bilheteira
aqui te ajudo a sonhar;
sonho em ser a aventureira
que na tela vais olhar!
(16/3/2017)
UMA HISTÓRIA DE BILHETEIRA
Flor de Lyz
Estive matutando cá com os meus pensamentos:
Será que sou só eu que sente uma saudade danada de todo o glamour das velhas tardes de domingo,quando o programa mais chique e gostoso era ir ao cinema, assistir a um bom filme?
As mocinhas, é claro preferiam os romances onde o final era sempre feliz, e as comédias também que eram bem fartas naquela época de ouro.
Ainda tenho gravada na memória, toda a pompa da nossa Velha Cinelândia, com sua coleção de grandes
e luxuosos cinemas... Todos famosíssimos e com um rico repertório de fitas ( assim eram chamados os filmes naquela época. ). Tinha pra todos os gostos...: amor, comédia, lutas, épicos, terror, suspense e é claro os famosos bang bang com seus charmosos cauboys.
Pois é... Ir ao cinema era todo um ritual, seguido religiosamente pelo público, especialmente o feminino.
E quem não se lembra das doces e charmosas bilheteiras? Sempre com seus sorrisos educados e voz cativante: Aqui estão seus ingressos... tenham uma boa seção... divirtam-se...
E por falar em bilheteiras, algumas viviam uma alegre e aventureira vida à parte naquele ambiente mágico de trabalho. Algumas até protagonizaram fatos hilários. Minha amiga Selma que o diga... Ela era uma das bilheteiras do famoso Cine Odeon!
Costumávamos sair para espairecer em seus dias de folga, eu me divertia sempre ouvindo suas histórias e peripécias,ora com os lanterninhas, com as colegas bilheteiras,e até algumas com o público, principalmente o masculino! Já que alguns eram assíduos e rotineiros frequentadores o que acabava gerando um tratamento menos formal, que o exigido pelos patrões.
Certa vez ela me saiu com uma que contando ninguém acredita ter acontecido de tão hilária.
Um de seus clientes habituais,sempre lhe presenteava com bombons de licor de cereja, seus preferidos,suas colegas morriam de inveja! O que elas não sabiam é que ela e este cliente tinham um segredo, que quase acabou em algo grave e trágico se não fosse a camaradagem dos dois e a esperteza de Selma: fato é que esse jovem senhor, sempre levava a esposa para assistir à fita numa semana, e na outra, uma jovem namorada, religiosamente.
Em princípio minha amiga se escandalizou com aquilo, mas, depois, vendo a naturalidade com que ele fazia isso, se acostumou e agia sempre da mesma maneira com as duas: Aqui estão seus ingressos... divirtam-se... boa fita... dizia exibindo um doce sorriso!
Aconteceu que um domingo, qual não foi seu espanto, quando logo que seu cliente entro com a namorada a esposa dele estava diante de sua janelinha a comprar três ingressos, e toda sorridente ainda apresentou as duas amigas! A bilheteira quase enfartou! Como ainda faltavam alguns minutos para começar a seção,as moças costumavam ficar desfilando pela praça conversando e paquerando! Selma aproveitou este detalhe para pedir à colega que a rendesse, pois, precisava ir ao banheiro.
Saiu correndo desesperada atrás do amigo lanterninha, puxando-o pelo braço, disse ofegante: Vem, homem! Temos que achar o meu fã dos bombons! O pobre apavorado arregalou os olhos e disse: Calma, mulher! Eu sei onde ele costuma se sentar! Vamos lá! E lá se foram eles de lanterna acesa até o bendito lugar onde encontraram o fã grudado nos lábios da namorada, e com mãos que mais pareciam tentáculos de um polvo a alisar suas pernas! Selma sem a menor cerimônia, bateu no ombro dele dizendo: Por favor senhor, estou com um problema com a nota que o senhor me pagou os ingressos, e piscando-lhe o olho, acrescentou... pode vir comigo um instante? Sem entender nada ele se levantou com a namorada, mas, Selma já tremendo disse: Não! por favor, vai ser rápido, a senhora fica aqui para guardar seus lugares porque a sala já está
lotada, e sorriu um sorriso desmilinguido para a jovem que a contra gosto sentou-se.
Rapidamente a bilheteira levou o cavalheiro para para uma saída lateral dos empregados. Nessa altura dos acontecimentos, o homem já estava irritado e perguntou: “Que houve, menina? Você está maluca?” E minha amiga brava, parou, olhou bem séria pra ele e disparou: “Maluca eu??? Maluca mesmo vai ficar a sua esposa se entrar lá dentro e por azar quando a luz se acender para o público entrar ou sair e ela der de cara com o senhor atracado com a sua jovem loura!”
“Valha-me Deus! O que estás dizendo, menina?”
“É isso mesmo ela acaba de comprar três ingressos. E está lá fora com duas amigas esperando a hora de entrar!”
Amarelo feito cera, e tremendo mais que vara verde o homem repetia: “Que que eu faço? Como vou fazer agora?” E Selma rindo... “Agora? Agora o senhor sai por aqui e vai pra sua casa, mas não chegue antes de seu horário habitual senão ela vai desconfiar e aí ó já era! Aproveita e vê se para de pular a cerca, por que eu não posso levar outro susto desse não! Sou muito nova pra morrer de nervoso!” rsrsrsr
O pobre coitado riu um sorriso desbotado e deu um beijo na testa da Bilheteira dizendo: “Deus lhe pague... meu anjo da guarda!” E saiu andando, ao que Selma irônica respondeu: “Hei! Deus não! A partir de
hoje, são duas caixas de bombons! E quero rosas também viu?” rsrsrsrsrsrrs
Não preciso dizer que adorei saborear a porção extra de bombons em nossas caminhadas. e de vez em quando ainda levava uma perfumada rosa pra casa, sem contar as gargalhadas que dava-mos enquanto lembrávamos do acontecido, saboreando os bombons e sentindo o doce perfume das rosas! rsrsrsrsrsrsr
Flor de Lyz
22 de junho de 2018
Flor de Lyz, nascida em Governador Valadares,
Minas Gerais...viveu uma infância pobre, mas, muito rica em
liberdade... cresceu correndo pelos campos, acompanhando e
ajudando a avó a plantar na roça.
Aos cinco anos veio para um orfanato no Rio de Janeiro, e lá
se encantou com as palavras, tão logo aprendeu a ler, começou a
brincar com elas e vivia rabiscando,versinhos em papéis minúsculos.
Mãe solteira... criou a filha e duas netas sozinha e só à bem
pouco tempo, criou coragem de libertar SEUS VERSOS das gavetas
onde viviam aprisionados para publica-los aqui no RECANTO...
Sonhadora, romântica, Ganha a vida como *** Cuidadora social
e artesã *** Como toda aquariana vive mil anos à sua frente ...
Mas, sempre com os pés no chão, e a poesia na alma... Apesar de
continuar considerando seus contos,cronicas e versos como simples...
ESCRITOS DE GAVETAS...
imagens 1, Getty Images; 2 e 3, pinterest; foto de Flor de Lyz, gentilmente cedida por Flor de Lyz.