COISAS DA VIDA

Um dia talvez, eu não te sirva mais como amiga, e isso são coisas da vida...

Peço encarecidamente, que você pegue todas as histórias já vividas, todos os momentos compartilhados, as declarações, que já te fiz, e lembre-se de todas, sem exceção...

Peço que pegue todos os sorrisos bobos, as gargalhadas espontâneas, os nossos risos, que não dependeram de uma câmera apontada para nós...

Peço encarecidamente, que pegue todos os abraços, principalmente aqueles depois de dias sem nos vermos, e aqueles do meio da rua, aqueles de final de festa, talvez até bebendo uma garrafa ou outra de bebida, aqueles de quem na despedida, sempre dizia 'até mais', quando a maioria diz adeus, e quando nem mesmo o coração acreditava que ainda veria outra vez...

Peço que pegue todas as conversas, aquelas bradadas e também aquelas cochichadas, aquelas sussurradas, no meio das altas madrugadas, onde o único barulho era o som das nossas incontroláveis risadas e volta e meia um pedido de silêncio, pois á era passado de hora...

Peço que se puder, e se ainda der, pegue todas as viagens, as cavalgadas, aquelas corridas no lombo de dois cavalos, aquelas chegadas as seis da manhã, já preparando o café...

Peço que pegue todas as confissões, de segredos ocultos, tanto meus quanto teus...

E guarde os...

Guarde tudo isto dentro de um baú...

Se depois de se lembrar de tudo isto ainda preferir não ser mais minha amiga, peço que tranques o baú, e jogues a chave fora...

Se por um acaso sentires saudades da nossa amizade, pode me chamar sem receios, sem pensar nem pestanejar, corro pra te abraçar, e quebrar o cadeado do baú...

Mas se não for pedir demais, seria possível usar um cadeado de terceira linha? É que como você sabe, gosto de fazer corpo mole e prefiro serviço fácil...

Mas se preferir, posso te abrir meu coração que você também encontrará todos os momentos que estiverem trancafiados no teu baú...

Porque se a minha amizade um dia não mais te servir, ainda assim eu permanecerei aqui...

Como sempre estive...

Hoje recebi uma mensagem de uma prima que dizia: "_E se um dia nós não formos mais amigas?"; sem pensar, e com o coração de poeta, respondi com o texto acima.

E é a ela que dedico, a Lucia Tauana Ribeiro, minha prima e antes de tudo amiga.