O SONHO DE NATHÁLIA

Se há vida para eu lhe ver,

observá-la, admirá-la, exultá-la!

Sinto à fragrância emanada

do solene espírito;

do semblante sublimado por arcanjos.

E já supera à mística dos imprescindíveis ramos!

Sim,

madeixas inspiradas,

decoram-lhe o rosto de boneca;

à face desenhada em tez de cera.

Melenas emersas à alma angélica,

cujas parafraseiam-na à métrica,

deste humilde “versador”.

Pois,

seguindo meus rumos antagonistas,

tomei caronas noutros ventos taciturnos,

sem fugazes esperanças,

neste tempo sem amor.

Hoje, aprendo a sua dança mágica,

como fosse ainda uma criança,

dependendo de fábulas viver.

Segundo soam,

naqueles sinuosos

anos de infância,

o faz de conta é um mercado

de virtuosas demandas.

Pincelo seus complexos traços

- beleza tamanha -,

em painéis suspensos.

Quimeras sanas!

Não me perturbo em estudá-la no tropel

dos signos.

E que as respostas não surjam,

ou venham em mantras.

Estribilhos, aqui disparo!

Hão de ser laicos,

não arcaicos!

Nathália,

tem o requinte poético

de mulher dogmática.

Eis que me salvo na batalha ilusionista,

fantasiando suas mechas douradas,

em breves alentos labiais.

Não compreendo a linguagem dos anjos!

Entendo às evidências celestiais.

Toca-me, sua lembrança,

na rubra projeção dos florais.

Por enquanto

( talvez sempre),

levo no bolso o seu livro,

prefaciado ao tom da adoração.

Sobretudo,

insurreto,

na freqüência memorial,

o tênue fragor de sua voz imperiosa.

Posso não mais ouvi-la nas auroras

- será castigo!

Pois, Nathália,

os já citados, recitados,

ventos ímpios,

quiçá,

destine-nos a palácios distintos!

* Àquele anjo de mechas douradas, trouxe consigo um rubor benigno; símbolos eruditos sopraram naquele dia, na minha vida, quando enxerguei um natal, pela primeira vez neste fevereiro de sucessivas noites trágicas. Sua luz me veio e se apresentou, Nathália!

RODRIGO PINTO
Enviado por RODRIGO PINTO em 02/09/2007
Reeditado em 02/09/2007
Código do texto: T635702