Trato milenar
- à Walt Whitman
Ao redor da fogueira dos tempos
boiando às pedras no caminho
estala a brita do carvoeiro
ficando no infinito harmonia.
O vento que precede a poesia
é ânsia de tara por conseguinte
aos movimentos perfeitos do cosmos
de uma realidade já edificada.
Sereno não apressa o verso,
ao contrário, lustra a face
o corpo de ensejo delirante
o original em todos eles.
Incorpora a marca do presente
o monumento, transforma no sol
que vem iluminar as rodas
a arder nos horizontes de cachimbo.
A planta sobe o estrato divino
tunelado fluído e concentrado
dá o teor quando desce a seringa
ribeirinha às margens suas.
O universo conspira relampejando,
almas parecidas encontram-se
e o que era bom ficou melhor
no corpo de frutificação da glória.
Do núcleo o ente vegetal
circula o pigmento psicotrópico,
o mesmo de outrora revolvido.
O que não era peso quis inexistir
o que é saudade pelo nada
o que seria amor será viver.
Pelo que se sabe chapar é
pelo que se sabe deixar-se amar
pelo calor da balada enveredar.
Não tem como hipocrisia em casa
não tem como falsidade na calada
não tem como mentira se sustentar.
Se lambuzar os cantos da boca
se lambuzar qualquer canto
se lambuzar de se fartar no canto.
Mais uma chance de alimentar a chama
mais fácil a água sublime
mais doce a luz da lua.