“POESIA DAS MÃOS”
Barro
Indígena tesouro das terras Paraíbas
Branco e negro dourados pelo sol do Vale
Sedimentos dos rios transformados no pote do ouro puro ancestral
O amassar do barro in natura já foi lida de povos e gerações
Mesmo que já não existam, perpetua-se o molde que exala o aroma da queima primeira
Dos utensílios dos índios puris às panelas de dona Dita Olímpia
O uso cotidiano atestando a maravilha do barro pescado no Doce rio
Transformado em pó o barro purifica-se à espera da água restauradora
A massa que só o ceramista sabe fazer aguarda à sombra pelo dom da criação
Do tijolo ancestral vem o forno acolhedor nos seus desníveis perfeitos
Noborigama queimando o eucalipto caseiro de refloresta altruísta
Biscoito, arroz: alimentos da arte
Chamas, cinzas, esmalte: temperos da cozinha cunhense
A porta lacrada na véspera descortina o sem-fim de formas e cores
Quantas surpresas o forno revela aos ansiosos olhos
Do barro veio o ceramista
Do ceramista, a peça exclusiva