Naftalina
Hoje, quase em desuso total.
Mas, que saudades que eu tenho, daquele cheiro de naftalina, que exalava no guarda-roupas de Dona Elvira.
Daquele chão vermelhinho, devidamente lustrado com o escovão; aquele sofá de braços e pés de madeira, adornado com uma manta de mil tirinhas coloridas, costuradas vagarosamente nos pedaços de antigas calças jeans.
As broncas que eu levava ressoam eternamente nos tímpanos; quando aquele frango de pescoço comprido e amarelo, pulava na pia e quebrava os copos de mamãe.
A gatinha, recém-parida ninava seus bichaninhos no pedal da velha Singer. Ela cogitava ser eu.
Cataratas.
Naquele tempo mãe não podia enxergar. Eu não matei o frango e nem surrei a gatinha. Eles não entenderiam.
Por esses motivos, eu também nunca apanhei.