O DE CASA DIMAS COSTA

O de casa patrão velho

Parece que ouvi um chamado

Como sou um gaúcho educado,

Tomei atenção fui ver.

Que rancho estranho! Pensei.

As cancelas todas abertas.

Potros galopando, planando

Pelos campos a relinchar.

Sem cabrestos, de pinotes,

A escramuçar pelo pago,

Verde imensurável.

Decorado de mal-me-quer,

Violetas, jasmins, majericão.

Flores de guamirins.

Sem taipas ou aramados.

Pra dividir as estâncias

Da Pampa Celestial.

Mas será este o pampa gaúcho?

O patrão deste pampa me desculpe.

Mas andou a esconder tal belezura.

O revoar, como borboletas.

A plantar sobre o pago anil,

Qual anjos de candura

Colorido de cores mil.

Olhando mais atento ao redor

Avistou Honeyde Bertussi a dedilhar,

O cancioneiro das coxilhas com,

Um olhar jamais visto em humanos,

A mais pura felicidade a iluminar.

Adentrou, cumprimentou o amigo,

Falaram dos tempo de antanho,

Dos rodeios da vida na terra,

Dos potros a galopar, voar.

Do ginete a ginetear, a laçar.

Do churrasco, da canha as vezes:

boa e outras nem tanto;

O doce amargo que degenera.

O chimarrão que aquece a alma

Ao soprar do Minuano.

Abraçados resolveram cavalgar,

No pingo da memória reminicências

Antes nunca sentidas, vividas,

Emponcharam o velho poncho,

De batalhas e saíram:

A cavalgar o Zaino e a Gatiada,

Sem hora e tempo para voltar.

Sem se prender ao passado.

Vanir Gonçalves
Enviado por Vanir Gonçalves em 05/03/2018
Reeditado em 04/04/2018
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