464 anos....
São Paulo, a memória registrada
De seus velhos casarões
Que não existem mais.
A vida provinciana
Longe desta agitação urbana
Ficou para trás.
Teus dias de teimosa garoa
Escondia o sol tropical
Que hoje te derrete.
És um caldeirão efervescente
E esta como aquela gente boa
De tantos carnavais e de folia
São fragmentos no amarelado da fotografia
Da vida que se renova e se repete.
Suas prosas daqueles fins de tardes
Calam-se entre grades e muros do medo
De uma gente que não se fala, não se vê.
O perigo soa em alarde...
Em riste apontando o dedo
A próxima vítima pode ser você...
Teu rio se juntou à marginais
Que te corrompeu
Da pureza da serra desceu
Sob as enchentes te escondeu
Num amontoado de lixo
Que não acaba mais.
Abrem-se as portas do céu
E as águas lavam os corações
E levam os sonhos
Para tuas galerias entupidas
Teu chão batido de um empoeirado passado
Jaz em memória sob o asfalto cruel
Onde transitam largas multidões
Buscando um sentido prá vida.
Tua bucólica beleza
Espelhada em horizontes
Todo contraste moderno te desfigurou, te sucumbiu
Nos trilhos da história, nos anais da memória
Segues feito “Maria Fumaça”
Que ainda hoje mantem sua graça
Transformada em Locomotiva do Brasil.