Armadilhas de palavras

Dedicado a poeta Claudia Machado

O homem vai à caça, diuturnamente.

Espalha as armadilhas que possui,

e espreita...

Seu olhar voraz se regozija

ao observar a aproximação da preia.

Examina detidamente cada pormenor.

Fotografa em suas retinas sua presa:

o corpo, a forma como se move

e como trabalha sua mente.

Contém-se, sedento e faminto

mas impassível.

Precisa prolongar o prazer do poder

que o embriaga e sacia...

O homem alimenta seu ego nesse olhar devorador.

Ao conseguir contê-la em suas armadilhas,

afaga-lhe a pele, causando-lhe arrepios

que lhe alcançam até a alma.

Dilata o tempo, para melhor sentir.

Beija-lhe as mãos, sedutor.

Enreda-a em quimeras,

fala baixinho ao seu ouvido...

A ilusão transmite à presa a falsa ideia

de ser caçadora e não a caça...

A forma como suga o sangue,

lenta e docemente,

travestida de carícia,

deixa a presa na ilusão de que é carinho,

sentindo-se cativa, sentindo-se única,

entendendo que é só seu

o caçador que ali está,

a se dessedentar...

Sacia-se...

Ávido, parte à caça, outra vez,

sem olhar para trás.

Os sobejos da orgia

são somente pele e ossos

e nenhuma fantasia...

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Quando uso a palavra "homem" não me refiro ao gênero masculino, mas aos dois, homem e mulher.

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Interação do Mestre Jacó Filho

Por sexo fui destemido,

E a caça me deslumbrou.

Só quando se fez amor,

Tive meu céu conhecido...

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 10/01/2018
Reeditado em 24/01/2018
Código do texto: T6222145
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