RIO DE JANEIRO
Eu era novo lá no Rio de Janeiro,
Mal sabia sobre o rio que é de fevereiro.
Não entendia a Bahia dentro da Guanabara,
Porque Bahia estava lá onde minha avó vivia.
O Rio capital do carnaval e do samba,
Eu ouvia na televisão do vizinho.
Eu era cristão de pai e mãe,
E no Rio o redentor me abraçava.
Eu era sambista e não sabia, cristão de fantasia.
O rio da mulatas quase nuas,
Proibidas na sala e nas romarias,
As mulatas que, eu só, com minha mão, fazia.
Eu era muito novo para putarias.
Mas o Rio mudou me acompanhando,
Foi de capital para ex-terra de malandro.
Cresci no samba sem o samba de raiz,
Senti na pele o que todo mundo diz,
Enquanto se é novo não se sabe o enredo,
Quando o tempo passa sai o samba e entra o medo.
O Cristo me cobra a entrada da felicidade,
Se já tem idade não interessa a opinião.
Pode ser ateu de carteira e confissão,
Entrega a entrada comprada e não perca a oportunidade,
Ser carioca não depende de identidade,
Tem que ser por vontade.
Sou carioca de nascença e paixão,
Mas não sou mais criança que acredite em assombração.
Viva o rio que me quer desde que eu viva para saber,
Pacífico ou violento, O Rio não é fácil de esquecer.
Desculpe-me mas me bateu uma vontade danada de falar sobre a cidade em que eu nasci.Se o texto é fraco (e é mesmo) a vontade foi forte demais.