Desde antes, hoje e sempre
Desde antes, hoje e sempre
Hoje é dia de um pequeno poeta. Meu grande poeta. O primeiro a conhecer meu verso. A beber das minhas lágrimas. A ouvir por dentro o meu riso. A escrever nas minhas paredes.
O primeiro a se alimentar do meu verso. A nadar no meu rio. A morar no meu segredo. A sentir meu cheiro. A beber do meu leite. A deslocar o umbigo do meu mundo e a me confiar sua face.
Desde um certo dia, todos os dias são seus dias! E todos os seus dias são, não menos, meus dias. Desde um certo instante, você é o agraciado que me agracia em todos instantes com sua poesia.
Não houve um dia sequer, desde aquele vinte seis de novembro, que você não tenha nascido. Em cada palavra que me amanhece; cada olhar que me convence; cada beijo que me abençoa.
Dia não há em que você não me resignifique, me componha, me ensine, me alongue, me atravesse, mergulhe, invente e nutra com sua sensibilidade e amor as linhas da minha história.
Sim, filho. As linhas da minha vida nunca mais deixaram de ter a sua assinatura. A sua e a da sua irmã, os poetas que assinam comigo esse livro de versos e inventos, com dedicatórias coloridas.
Você deu outro curso à minha inspiração. Depois de você, o ar não apenas enche os pulmões, mas irriga o desconhecido; a luz acende a noite e a sua generosidade me convida todos os dias a ser uma pessoa melhor.
Mamãe, posso explorar?, você me pergunta ao chegar pela primeira vez, onde quer que seja. Sim. Eu direi sempre. Explore. Procure. Olhe. Toque. Descortine. Se lance ao mundo. Você o reescreverá com o seu coração.
Esse, o mesmo coração que me reescreve todos os dias. O que contra-assina esse amor infinito e responde por meu silêncio atônito e esperante, de que a vida seja em você e a partir de você eterna poesia.