RIO, RIO, RIO, POR QUE NÃO MORO EM TEU LEITO?
Rio, Rio, Rio, por que não moro em teu leito?
Por que não me aconchegas em teus braços?
Por que não me abrigo em tuas areias,
tão suavemente douradas?
Por que não mergulho em teu deslumbrante azul
e me deleito em tuas verdes matas?
Ó cidade linda, abraçada pelo Redentor!
Ó Leme, embelezado por Clarice!
Ó Copacabana, vigiada por Dorival
e Drummond!
Ó Guanabara, que encanta minh'alma vazia!
Calçadas tão minhas que sinto o roçar dos pés em suas arestas.
Pão de Acúcar, símbolo nacional, altivo como a bandeira.
A beleza da Lagoa, dos monumentos do Centro,
dos Arcos da Lapa, onde descortino uma multidão
no meio da qual me sinto indizivelmente só...
Oh, cidade linda, em ti sou ausência,
sem ti sou tarde de verão sem sol.
Abraça esta que te ama e chora saudades de outrora.
Rio, Rio, Rio, habita-me e abriga-me em teu colo e dá a beber
as tuas (tão) escondidas belezas a estes lábios sequiosos
para que eles possam também
habitar-te e cantar-te como mereces!
Rio, Rio, Rio!
© Ana Flor do Lácio