Em transe
.:.
Em transe
Ouso desejar
a tela fria, estática.
Tocar a pele do visor,
sentir as madeixas...
Estou atordoado, zonzo.
As bolinhas brancas,
no preto do vestido,
embriagaram-me a lucidez!
Há sutileza nos gestos.
A mão, curva, em conchas,
faz um convite.
Pediria um beijo,
o prazer de uma contradança?
Ao observar-te assim,
envolvida de encantos,
deixo de lado
o homem que sou,
para tornar-me, novamente,
doce e curiosa criança.
O batom
contorna suaves curvas.
O olhar
também está convidativo.
Cabeça inclinada,
corpo coberto demais...
Para o poeta,
quanto mais tecido
mais inspiração.
Sentiu meus dedos
invadirem a tela e,
calmamente, desabotoarem
o primeiro botão?
Nijair Araújo Pinto
Iguatu, 5 de outubro de 2017.
12h07min
.:.