PRECISO QUE ME ACEITE
Quem, afinal, é dono dos seus sentimentos?
Os meus, sempre doei aos filhos e a Deus
Os meus, sempre nutri com a energia de cada momento
Os meus, de repente, quiseram se saciar nos seus
Meu corpo, rebelde, pulsou vibrante
Nas vezes em que chegamos mais perto
Impulsivo, meu desejo queria bastante
Mostrar um coração de novo aberto
Oh, quão arrependida estou – asseguro
Por agir de forma tão irracional
Mas me segurei por muito tempo – juro
Saiba que nunca quis lhe fazer mal
Tudo que conversamos a sós
Buscando acertar nossos passos
Ainda me aperta como nós
É difícil decidir o que faço
Afastamo-nos para não sucumbir
No amor corporal, profano
Já que não podemos assumir
Um enlace sem casamento, mundano
Oh, queria ser forte para me entregar
Esquecer o que pensam os irmãos
Mas, minha consciência me faz recuar
Aceito que isto não seja maneira de cristãos
Mas confesso que para tê-lo eu oro
Não entenda como blasfêmia
Pois para estar perto de você ignoro
Os meus instintos de fêmea
“Livrai-me do desejo” sempre rogo
Acabo me esvaindo em prantos
De amor reprimido me afogo
Porque você entre tantos?
Oh, Deus! O que quer de mim?
Sou sua filha pedindo ajuda
Porque me prova assim?
Minha boca por querer a dele está muda
Se não posso tê-lo, meu amor
Aos menos me deixe ouvir seu sermão
Você mesmo pode curar a dor
De não poder entregar-lhe meu coração
Mas, por mais que se esconda de mim
Não conseguirá que o tire dos meus pensamentos
Perdoe-me e responda-me, enfim:
Quem é dono dos seus sentimentos?