Ode a Bukowski
Há um pássaro gritante dentro de mim
Que anseia pela liberdade
Eu sempre lhe digo para permanecer no peito
Pois, o seu momento há de chegar
Escondo-lhe entre falácias, olhares, ações
E ninguém sabe que ele existe e se faz marcante
Há um pássaro gritante dentro de mim
Que anseia pela liberdade
Eu costumo ser dura demais com ele
Mas, sabe que é necessário
Derramo lágrimas, cuspo sangue e deposito
Meu ódio cotidiano, desencadeado da infelicidade
Há um pássaro gritante dentro de mim
Indago-o cotidianamente: que queres de mim?
Não me faças explodir
Deseja o céu e todo o seu conjunto
De constelações, enquanto espero ínfimo detalhe
De pudor e de alegria qualquer
Há um pássaro gritante dentro de mim
A sua linha do tempo da vida se resume
A estar engaiolado, mas sou bastante esperta
E o deixo voar algumas noites
Que é para respirar a inocência
E a aprender a crescer sob as suas próprias asas
Esse pássaro não morre, apesar da rigidez
Alimento-o com gratidão e, por vezes, dedico-me
A ele com toda a minha atenção
Faço-o adormecer em mim
Como uma espécie de pacto, mantemos relação
De equilíbrio sentimental
É o bastante suficiente
Para fazer uma mulher chorar
Eu desabo oceano
Onde está o seu pássaro?