Cristina
Minha sina sempre foi querer-te,
mas, sendo o céu tão inalcançável
quanto as estrelas fiz de mim, Lua.
Pois, amada, há fases em mim e, como
eu, há fases em tudo quanto existe.
Ora sou de Lua, ora sou eclipse.
Descobri que posso assumir diferentes
formas de mim sem deixar de ser Lua. Sem
deixar de ser tua. Infinita, parte...
Quando a nuvem, passageira, encobrir-te
hei de imaginar-te visível e visível
(mente) hei de amar-te, Oh! Lua minha.
Agora entendo, Cristina, porque me
deste a Lua, fragmento teu, amada,
que não pode ser tomado por ninguém.
Guardo o bem enluarado da tua memória,
a carta escrita em Braille na superfície da
Lua. Da infinita, parte, tua...
Que de mim não pode ser tomada por
Ninguém.
Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.