O senhor centenário
De longe parecia ter avistado a sua presença
De perto sabia que não estava ali
Eu me perdi um pouco nessa descrença
E no final das contas não te vi
Oh senhor centenário, voe longe, pássaro!
Bata suas asas o mais forte
O céu é o ninho, o mel afago no pote
Volte quando puder, não relutes a morte
Seja em vida, seja em morte
Seja na Terra, seja pra lá de Marte
Seja um pouco de tudo
Não vista-se com as sobras do mundo
Peguei sua mão mais uma vez
Minha mão está fria, meu coração pulsante
Estive do seu lado naquele instante
Seus olhos verdes também são meus
Brilham sonhos, enxergam cores constantes
O abraço fica pra outra hora
A saudade por vezes faz morada
Com tudo que aqui reflito agora
Um segundo ao lado seu seria melhor que nada