Belchior
Minha mulher me chama, é hora do almoço.
A minha mão reclama um violão calado
e um poeminha torto que eu deixei de lado,
pois meu amor em chama já não é tão moço.
A minha voz declama o verso que ora ouço,
enquanto o meu almoço, a esfriar no prato,
convida o irmão mais moço, que está no retrato,
a reclamar da vida e do arroz insosso.
Meu pai na cabeceira não alcança o sal.
A minha mãe levanta, como é normal,
e pacientemente nos serve a comida.
Eu ponho na vitrola um velho Belchior,
apanho o violão, afino em dó maior
e toco "à palo seco", ou coisa parecida.
Minha mulher me chama, é hora do almoço.
A minha mão reclama um violão calado
e um poeminha torto que eu deixei de lado,
pois meu amor em chama já não é tão moço.
A minha voz declama o verso que ora ouço,
enquanto o meu almoço, a esfriar no prato,
convida o irmão mais moço, que está no retrato,
a reclamar da vida e do arroz insosso.
Meu pai na cabeceira não alcança o sal.
A minha mãe levanta, como é normal,
e pacientemente nos serve a comida.
Eu ponho na vitrola um velho Belchior,
apanho o violão, afino em dó maior
e toco "à palo seco", ou coisa parecida.