Às crianças do mundo

Às crianças do mundo

que padecem de frio

e moram no vazio

com falta de pão.

Eis que surge então

uma ténue esperança

no seu coração de criança

de um devir mais feliz.

Mas lá vem o dia

em que de novo a alegria se vai

e a dor não sai

porque os olhos choram

e os beijos demoram.

É a tristeza que não passa.

Adivinhando desgraça

o menino sofre no chão

com seus olhos rasos de água

e não afoga a mágoa

de estar só na imensidão,

mas no meio da multidão.

O mundo caminha distante

alheio ao duro instante

em que o menino morre por dentro.

Nu nas avenidas

sem entradas nem saídas

nem o calor de uma mão.

Quisera eu saber

como poderei entender

o coração duro do Homem,

que na sua ambição desmedida

deixa sem saída

o menino que de si nasceu.

Isabel Fagundes 27/05/07