O amor de Dalila
Dalila olha para o mundo,
Seus olhos plenos de espanto
Fazem um mergulho profundo
Depois emergem em pranto
Tamanho fulgor oriundo
Do interior de seu âmago;
Mas fora de sua pupila
Pelos olhares de outrem
O grande amor de Dalila
É coisa que não convém,
Desejo que se compila
Á tudo que não se tem.
A ênfase dessa história
Há de ser no comportamento
E habilidade notória
De abolir-se um argumento
Pela razão compulsória
Deste exprimir um sentimento.
Assim, a expressão genuína
Que permite a Dalila amar,
Pela razão se termina
Sem o mínimo pestanejar.
E a emoção que ela ensina
Morre ao racionalizar.
Ah! Quisera eu novamente
Contemplar seu olhar atento
Buscando freneticamente
Capturar o momento
Em meio ao aguar cadente,
Cálido e violento.
Quiçá ter experimentado
Romper com a neutralidade
E sentir o rosto molhado
De minha fragilidade,
Ser alguém emocionado
Com a simples realidade...