Chove, Porto Alegre
Chove, e a água abundante se esparrama,
E segue escoando ao meio fio...
Na Redenção, sobe um cheiro de grama,
E na Tristeza, começa um vento frio...
Pela cidade, o dia vira noite,
Precipitando entre trovoadas,
Uma melodia embalada ao açoite,
Dos pingos surrando as calçadas...
Chove, e aos poucos a água se encana,
Até que no Dilúvio, venha desaguar...
Enchendo Guaíba, como uma vertente insana,
Para correr no horizonte, até que possa chegar ao mar...
Chove, e com o vento, ela chega a vir de lado,
Virando os guarda-chuvas de quem quis se arriscar...
Quem não os tem, procura um telhado,
Até que ela possa passar...
Mas se não passa, não espera,
E corre pela Andradas escorregadia...
E sente dela, a atmosfera,
Como se corresse, em uma rua vazia...
Porto Alegre, porto molhado,
Chuva gelada, que lava a alma do vivente...
Que no dia seguinte, se encontra gripado,
Mas logo se anima, depois de um mate-quente...