O MARÇANO E A CIDADE
Minha homenagem justa ao Colono
Tempo do marçano que já passou,
Vida dura, carregando às costas
Cabazes repletos de mercearia
Que pelos clientes ele distribuía.
Tarde almoçava, depois da tarefa
Concluída, restos de comida comia,
Arrumações da mercearia ele fazia,
Assim era a vida árdua do dia a dia.
Depressa se fartou de ser marçano,
Emigrou então pra África de barco,
Onde se tornou um colono modelar,
À permuta de vários bens se dedicar.
Foi pra uma feitoria junto à beira mar,
Convivendo com o mar e os nativos,
Vida sã, de convívio ameno e cordial,
Deixou-se contagiar por puro feitiço.
Depois de muitos anos de árdua labuta,
Instalou-se na vila de conta própria,
Casou, criou família, travou férrea luta
Com o colonialismo, de má memória.
Depois da vida assente em alicerces,
Que lhe poderiam garantir o futuro,
Ruim doença incurável se declarou,
Destruindo o sonho em que confiou.
Ruy Serrano - 17.11.2016