Homenagem à Portela
Portela
Rabisquei uma poesia
Assim que clareou o dia
Com emoção
Fiz
Fiquei feliz
Igual criança
Que rabisca sem saber
Entre riscos a esperança
Nos traços com letras banais
Visitei os anais de alguns menestréis
De Cartola as rosas não falam
O mundo moinho com eu e vocês
Tem vez que eu sonho que sou um mágico
Construo meu mundo fantástico com altivez
Gilsinho, João da Gente nossa gente e Candeia
Clara Nunes com seu vozeirão
Que a memória faz bem ao coração
Se a gente abandonar a cultura
Morre junto a criatura e a Nação
O mestre Monarco abraçando o amigo Naco
Pedindo união e escrevendo no chão
Exaltando o nosso samba com a razão
Sabendo sempre ganhar ou perder
Par ou impar eu e você
Sem perder a linha
Brincadeiras de escrever
Meninos
Eu fazia
O bom do viver
Num papel em branco
Eu mantinha
Ali
Com caneta azul do céu
Para prosseguir
Umas toscas verdadadeiras linhas
Viver e sorrir
Pedindo a papai Noel um presente de bonança
Com mais paz e mais valor
Menos rixas e mais danças
Nos pés de alianças
Toque o samba com amor
Eu ainda sou criança
So preciso aprender
A abrandar a dor
Que no jogo de um samba
É saber ganhar perder
Mas não perder a esperança
Do resplandecer
As rosas podem murchar
Entretanto o moinho
Vai girar
E o sol vai brilhar no amanhecer