Velhos Boleiros!

A bola é a ordem.

Nós somos a desordem.

Continuamos achando que ela obedece.

Ela sabe que o corpo padece.

Que o céu estremece.

Cansado de nossa ousadia.

Jogando à noite ou de dia.

Vamos superando nossa teimosia.

E assim vamos posando.

Com a bola se achando.

Com o corpo superando.

Com o físico se desesperando.

Afinal, a bola anda.

Às vezes ela até desanda.

Bate-se pelas ancas.

Serpenteia-se pelas gramas.

E nós é que a perseguimos.

Como gente feliz.

Quem sempre fez tudo o que quis.

Mas, agora o tempo tem hora.

Os minutos pesam com o corpo.

As gorduras que se mexem.

E se mostram resultante.

Em nada daquilo que fomos antes.

Porque a idade chegou.

O corpo cansou.

Mas, aqui permanecem os boleiros.

Eles são frutos de seus próprios temperos.

As coisas são o que eles respiram.

Longe dos cigarros.

Das comidas trans.

Dos pensamentos vãs.

Das coisas fúteis do corpo.

Eis que renascem vivos.

Com poucos ares é certo.

Mas, com gás de meninos.

Afinal, a vida agradece.

Seus encantos pelejantes.

Que os fizeram vidas relutantes.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 23/09/2016
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