Velhos Boleiros!
A bola é a ordem.
Nós somos a desordem.
Continuamos achando que ela obedece.
Ela sabe que o corpo padece.
Que o céu estremece.
Cansado de nossa ousadia.
Jogando à noite ou de dia.
Vamos superando nossa teimosia.
E assim vamos posando.
Com a bola se achando.
Com o corpo superando.
Com o físico se desesperando.
Afinal, a bola anda.
Às vezes ela até desanda.
Bate-se pelas ancas.
Serpenteia-se pelas gramas.
E nós é que a perseguimos.
Como gente feliz.
Quem sempre fez tudo o que quis.
Mas, agora o tempo tem hora.
Os minutos pesam com o corpo.
As gorduras que se mexem.
E se mostram resultante.
Em nada daquilo que fomos antes.
Porque a idade chegou.
O corpo cansou.
Mas, aqui permanecem os boleiros.
Eles são frutos de seus próprios temperos.
As coisas são o que eles respiram.
Longe dos cigarros.
Das comidas trans.
Dos pensamentos vãs.
Das coisas fúteis do corpo.
Eis que renascem vivos.
Com poucos ares é certo.
Mas, com gás de meninos.
Afinal, a vida agradece.
Seus encantos pelejantes.
Que os fizeram vidas relutantes.